quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Boa noite, Mukarashi

Irá me desejar bons sonhos?
Enquanto ainda nos meus braços,
Se desvelcilhar e partir quieto.
Para não me acordar da mentira.

Irá fazer o mesmo que todos?
Aqueles velhos heróis, acabados,
Que quanto mais estão perto,
Mais se afastam, por suas sinas.

Nunca acreditei em destino,
Em finais pré concebidos.
Então não me dê boa noite,
Apenas continue comigo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Gata de estimação


Ás vezes minha pele treme,
Com aquele som na garganta.
E meu rosto recostado nele,
Sorri enquanto faz manhã.


Roçando meu rosto, carinho,
Entre o colar e a coleira.
Os sorriso pontudo sozinho,
Já me faz por vontade prisioneira.


Só você me faz sorrir assim,
Mordiscando meus lábios.
E assim que mais pro fim,
Os erros serão descontados.


Esse cafuné atrás da orelha,
Essa mão morna que despenteia,
Meu rosto virado pro lado.


Esse seu jeito que hora e meia,
Me chama e prende como teia.
Me deixando ao seu lado.


Obedeço como se espera,
Mesmo quando falando dela
Você não me vê passar,
Entre as suas pernas.


E o espero como quem pudera,
Mesmo depois de tantas eras,
Não querer assim ficar:
Deitada esperando na janela
Meu dono passar.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Boas ações

II
Quem a via no galpão não podia imaginar como eram as manhãs dela, a saia listrada e a camisa social presa com um laço, a mochila num ombro e as meias três quartos. Estudava num colégio só para garotas, morava nos dormitórios e fugia todas as tardes para o Nocaute Deck, às vezes tinha vontade de começar a arrebentar as coisas antes de chegar lá, mas se continha. Dama era a aluna da última fileira, ficava nos fundos da sala esperando o tempo passar sem que ninguém falasse com ela. Geralmente olhando pela janela, ou então abrindo e fechando os punhos debaixo da carteira.
-Delilah! Nós vamos ao cinema, quer vir conosco? – uma garota perguntou sorridente.
-Uma comédia romântica estréia hoje! – a outra completou animada.
-Não. Eu não gosto de filmes. – ela respondeu enquanto guardava suas coisas.
-Mas vai ser divertido...
-Deixa, ela não quer. Tchau, tchau!
-Tchau.
Era verdade que ela não gostava de filmes, mas aquele não era o real motivo, ouvira os professores avisando as alunas para tentarem "inclui-la" assim que mudou para aquele colégio, como se fosse alguém necessitada ou digna de pena. Ouviu todo aquele discurso sobre a morte de seus pais e como era dificil para ela, como se alguém soubesse. Não queria esmolas afetivas de ninguém, estava muito bem como estava, se trocava depressa e então pulava o muro, fugia daquele lugar como diabo foge da cruz. Seus pais não estavam mortos de verdades, só era mais fácil falar isso do que tentar explicar.
-Mamãe...?
-Não, é a vovó, Delilah. A mamãe não vai voltar e o papai também não.
-Por que?
-Você tem que ser forte de agora em diante, está bem? Seja uma boa menina e seja forte.
-Vovó...
Ainda lembrava do pedido de sua avó, mais uma ordem do que uma sugestão, fora o último dia tranquilo de sua vida, dali em diante se tornara dormente. Não podia chorar ou sentir dor, afinal a mandaram ser forte. Lera em algum lugar que a força vem de alguém para proteger, ela não tinha ninguém para proteger, mas também não podia ser fraca, se prendia naquele dilema racional ao mesmo tempo que esmurrava garrafas. Não queria ter quem proteger, se alguém precisava de proteção era porque era fraco e ela não queria ficar perto de pessoas fracas, não queria ficar perto de pessoas que se machucam.
-Me passa logo sua carteira almofadinha! – um muleque falou chutando outro encima da máquina que vendia refrigerantes.
-O que foi, vai chorar com a mamãe? – outro perguntou.
-Por favor, eu não gosto de brigas...
Era muita covardia cercar alguém daquele jeito, ainda mais um garoto que mal enxergava visto o tamanho das lentes de seu óculos, ainda mais um garoto que parecia ter saído de alguma sátira nerd. Era ritual seu comprar um refrigerante ali e ir até o galpão bebendo, eles estavam no caminho, mas não gostava de se intrometer nos problemas dos outros. Ficou parada olhando por debaixo da aba do boné enquanto o que pedira a carteira dava mais um chute. Por que as pessoas não resolviam os próprios problemas?
-Arg!
-Hey, tem um xereta! – um dos garotos falou apontando para ela, parecia não ter visto que era uma garota, era mesmo dificil com o boné e aquelas roupas largas – O que você quer, cara?
-Um refrigerante. – respondeu encolhendo os ombros.
-Me ajuda! – o garoto de óculos pediu estendendo a mão, mas um dos covardes pisou nela.
-Não adianta pedir ajuda pra outro fracote, otário!
-Fracote...? – o problema se tornou dela imediatamente.
Ela não era do tipo que deixava uma provocação passar, por mais que não se interessate por oponentes covardes e débeis como aqueles, não podia deixar uma ofensa tão pessoal passar. Não levou muito tempo para conseguir seu refrigerante, apenas o tempo de dois chutes nas costelas e alguns socos no rosto, ignorou completamente o garoto de óculos horrorizado encolhido no chão. Não podia se dar ao luxo de ser fraca, nem mesmo nas ilusões de um covarde, isso ela não admitia.
-Vo-vo-você...
-De nada. – ela falou revirando os bolsos, faltava um real para o refrigerante. – Tem um real?
-Ah...um... – ele estendeu a nota tremendo.
-Obrigada, depois eu te devolvo. – ela falou colocando na abertura para notas.
-Não! Não precisa! Muito obrigado...
-Pelo que?
-Me ajudar...
-Eu não te ajudei, eu só odeio que me chamem de fraca. – ela falou pegando a latinha e dando as costas para o garoto, tomava em goles largos, ela não tinha intenção nenhuma de ajudar ele.
A chegada no galpão foi a mesma de sempre, mas o cenário estava diferente, todos sentados em caixotes ou no chão, apoiados na parede num quase circulo torto com Ás que geralmente ficava isolado num canto por perto. Ela parecia a última a chegar e não sabia o motivo da pequena reunião, jogou a lata no lixo e se aproximou de todos, ficando entre Rei e Valete como de costume nessas horas. Sentia a tensão no ar e imaginou que o dia se tornaria ruim muito rápido.
-Eu soube que você fez uma boa ação hoje, Dama. – Ás comentou, era um homem de barba mal feita que já mostrava os primeiros fios de cabelo branco, precoces, mas ainda assim brancos.
-Boa ação? – ela lembrou do garoto surrado, mas ficou quieta.
-Os ladrõezinhos que você espancou há menos de meia hora atrás já foram reclamar com os respectivos superiores. Você sabe quem são?
-Idiotas menos fracos? – ela perguntou ajeitando o boné, deixando transparecer os olhos.
-Não, o Clube de Espadas. – Ás falou de maneira séria – Quer me contar sua versão?
-Eles estavam no caminho da máquina de refrigerante espancando algum inapto físico, eu estava esperando eles acabarem até um me chamar de fraca, depois disso não preciso dizer o que aconteceu, não é? – um murmurio de concordância percorreu o círculo, conheciam bem a Dama do baralho.
-Que coisa, já fazia quase uma semana que nós não tinhamos que brigar com uma gangue de delinquentes... – Dez comentou, fez um risco em seu calendório no bloco de anotações que sempre carregava.
-Nós podiamos resolver isso diplomáticamente, não podiamos? – Valete sugeriu.
-Tudo isso por causa de um refrigerante...? – Nove não entendia, estava chocado.
-Se quiser, chefe... – Dama murmurou e apontou para si mesma – Eu vou até lá resolver, vocês não têm nada a ver com isso.
-Você é uma de nós, Dama. A responsabilidade é de todos, tenho certeza que a Katana também pensa assim...
-Então o que vamos fazer? – Rei perguntou.
-Eu vou com as cartas reais até lá, os outros fiquem em grupos até amanhã. – Ás falou colocando a jaqueta e rangendo os dentes. – E Dama...
-O que?
-Da próxima ache outra máquina de refrigerante...
-Tá.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Temporada de Caça

Aguçou os meus sentidos,
Ainda sinto seu perfume
Impregnado na minha roupa.
Acenda mais um e fume.

Quebrou meus óculos,
Já posso enxergar no escuro,
Cada curva e cada detalhe.
Posso a ver pulando o muro.

Cortou minha lingua,
Pois tentei saborear demais.
O gosto doce a amargo,
Que só sua pele trás.

Me escondi sob as cobertas,
Tentando fugir do som,
Que perfura meus timpanos.
Nem tudo a mais é bom...

Posso até sentir a fumaça,
Que você sopra na minha pele.
Posso sentir o próprio ar,
Que acaricia e me repele.

Aguçou os meus sentidos,
Agora depois de derrotada.
Estrou pronta pra te caçar.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Fada madrinha


Não é fácil realizar desejos,
Muito menos advinhar pedidos.
Fada madrinha, anjo da guarda.
Quando seremos ouvidos?

Já que não há nenhuma magia,
Nem ciência para sensações.
Na tentativa e erro me guia,
Para consolar suas emoções.

Não é fácil realizar desejos,
Mesmo aqueles que eu queria.
Não é fácil advinhar pedidos,
Mesmo os que eu já sabia.

E se não posso ser sua fada,
Fada madrinha.
Nem anjo da guarda.

Me deixa pelo menos,
Tentar cambalear contigo,
nessa velha estrada.

O mesmo era uma vez e final feliz


Quisera eu não me importar,
Com cada palavra perdida,
Cada toque esquecido
Por entre páginas seguidas.


Todas histórias já contadas,
Se repetindo nas que virão.
Todos personagens, sempre,
Iguais aos da primeira mão.


Todos meus heróis,
Têm suas virtudes.
Sentimentos e palavras,
Detalhes simples amiúde.


Todos meus vilões,
Têm os seus defeitos.
Encarando de longe, me
fazem acuada e sem jeito.


Quem vai dar o final feliz?
Já não fazem mais príncipes,
Nem cavaleiros armados.
Feliz e tolo é quem me diz.


Quem vai dominar o mundo?
Já não fazem mais monstros,
Nem feiticeiros amaldiçoados.
Feliz e tolo é quem me diz.


Me diz que era uma vez,
Nas páginas viradas.
Numa das curvas dessa estrada.


Me diz que era uma vez,
Nas páginas viradas.
Num dos desvios dessa estrada.


Era uma vez o meu herói,
Era uma vez o meu vilão.
Era uma vez o mesmo de sempre,
Vindo destronar a solidão.


E com as mesmas virtudes,
E os mesmos defeitos.
Entortando os finais,
Endireitando os começos.


Você feliz e tolo me diz,
Era uma vez e final feliz.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Nocaute Deck

I
A tensão na corda era óbvia quando ele era jogado nela, depois ricocheteava de volta para o centro levando outro chute ou soco, os musculos se comprimiam tentando diminuir o impacto dos golpes, mas era dificil se concentrar na defesa ao mesmo tempo que queria tomar cuidado para não machucá-la. Olhos negros e cabelos da mesma cor bagunçados, curtos como os de um garoto qualquer ali, estava brava com ele? Não, aquilo nos olhos dela era desapontamento.
-QUE DROGA, NOVE! – ela berrou colocando os punhos enfaixados na cintura.
-Dama.... – ele começou a murmurar, mas ela o socou no estomago. – Urg!
-Eu já te falei mil vezes, o problema não é você bater numa garota! É bater em que é fraco ou não pode se defender! PARA DE SE SEGURAR!
-Mas...
-Idiota! – ela chutou a canela dele.
-Já chega, Dama, ele é só um número você vai acabar quebrando ele inteiro.
Ela virou a cara irritada, odiava quando o Valete vinha daquele jeito tentando trazer paz ao mundo, pulou as cordas que delimitavam a arena e foi batendo o pé até os chuveiros. Ele odiava deixá-la brava, mas como um número mesmo que não se segurasse não ia conseguir sequer acertar ela! Estava ali há poucas semanas, além dela só havia uma outra garota, a Quatro. A policia os considerava uma gangue, mas eram só um grupo de pessoas que gostavam de brigar e lutar, Nocaute Deck. Ao membros iam do Dois ao Dez, depois vinham as cartas reais: Valete, Dama e Rei. E acima de todos alguém que sequer lutava, mas que era o fundador do grupo: Ás.
-Lutando com o Nove de novo? – Quatro perguntou, era uma loira de rabo de cavalo que sempre estava sorrindo, mesmo quando estava apanhando, completa masoquista.
-É tão óbvio assim? – Dama perguntou abrindo a torneira, dava pra ver fumaça saindo dela de tão irritada. Odiava quando a tratavam como frágil.
-Eu nem sei porque ele se preocupa tanto, só sem roupas que você lembra uma mulher. Fora isso eu sempre achei que você fosse um dos garotos...
-Já está indo pra casa? – ela não se incomodava com aquelas comparações.
-Já, eu tenho um encontro na Zona de Tiro! – Quatro fez o sinal de uma arma com as mãos.
Ninguém sabia o nome de ninguém, na verdade não importava o nome deles. Tinham seu ranking e, às vezes, ganhavam algum apelido, mas os nomes eles deixavam em casa, na escola ou no trabalho. Dama, era Dama, não precisava ser mais ninguém naquele grupo limitado, não podiam haver mais pessoas que cartas num naipe do baralho. Só estava meio vestida quando Valete entrou para se trocar, depois vieram os outros, mas passavam como fantasmas. Não era só a Quatro, ela dentro do grupo sempre foi um dos garotos.
-Dama, me desculpe. – era nove parado do lado dela, de cabeça baixa, a pele morena e os cabelos castanhos quase inexistentes de tão curtos, tinha olhos castanhos timidos e preocupados. – Dá próxima eu...
-Esquece... – ela falou colocando um blusão largo por cima da camisa, pegou seu boné e foi andando até a saída. – Cansei de fracotes que nem você.
-Cara, acho que você levou um fora! – Valete falou o puxando pelo pescoço. – Não fique assim, eu tenho quase certeza que não é pessoal!
-Alias, nós temos uma aposta no grupo... – Dez falou puxando uma caderneta.
-Aposta? – Nove perguntou estranhando.
-É, a maioria acha que ela é lésbica. Só o Rei apostou contra, quer entrar?
-Não!
Todos eles eram insignificantes, cartas menores. Fora a Dama que ocasionalmente lutava com todos, apenas o Valete se envolvia com eles, o Rei parecia ter um mundo próprio não conseguia imaginá-lo numa aposta daquela. Valete era um loiro de cabelos curtos e franja comprida, tinha uma tatuagem de espadas num pulso e a de copas no outro, era um dos membros mais antigos do Nocaute Deck. Os números menores não entendiam como ele se tornara uma carta real, sempre o viam se excercitando, mas nunca lutando, apenas fazia piada de que era tímido, ou então um amante e não um lutador.
-Nove... Aonde você está indo? – Valete perguntou vendo o outro fazer uma curva para o lado errado.
-Eu ouvi um barulho atrás do galpão. – Nove falou saindo correndo.
-Ei, garoto!
O garoto finalmente entendeu porque tantas vezes Dama aparecia com faixas nos braços e pernas, atrás do galpão havia uma enorme prateleira na parede, que ela enchia de garrafas de vidro e as quebrava com murros e chutes, o blusão jogado de lado e a cabeça baixa para o boné proteger os olhos, era um ritual diário depois que a tarde chegava, não queria ir para casa tão cedo. Valete o puxou pelo ombro e mandou fazer silêncio, o loiro lembrava uma vez que alguém gritou e no susto ela chutou uma garrafa na cabeça do cara.
-Você podia trabalhar numa recicladora no lugar daquelas máquinas de moer vidro, Dama.
-Rei... – ela murmurou virando para olhá-lo, levantou o boné e esfregou o suor da testa com o pulso já que as mãos estavam cortadas aqui e ali. Já não se incomodava com pequenos cortes.
-Você devia ir pra casa, é noite de semana você tem aula amanha. – ele falou jogando um rolo de ataduras pra ela. – Suas professoras nunca perguntam como você se machuca?
-Desde quando alguém se importa? – ela perguntou dando as costas pra ele, mas começando a enfaixar as mãos.
-Boa noite, Dama! – o Valete falou acenando enquanto ela passava.
-Vá pra casa também, Valete. – Rei falou o encarando. – Que eu saiba você está reprovando em todas as matérias, exceto número de advertências por dormir na aula.
-Você parece mais velho que o Ás falando assim, Rei! – Valete deu risada arrastando o Nove dali. – Vem, garoto... Antes que sobre pra você também...
-Desde quando ela...?
-Sempre. – Valete respondeu com um sorriso.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Canção de ninar



Venha se lembrar,
Dos pesadelos de criança.


Venha me acompanhar,
Por uma melodia sem dança.


Eu ainda tenho medo,
Da noite e do escuro.
Tenho medo da cama vazia,
Por isso eu o procuro.


Acompanhar passos que
Desconheço eu tento muito.
Mas sigo descalço e
Quando a noite gira fico mudo.


Falando comigo mesma,
Com as paredes se preciso.
Só pra escapar do medo,
Na escuridão sem paraíso.


Tocando algumas notas,
Mais amigas que rodopios.
Mas sem cantar, não o sei.
Como metal arranhando, arrepios...


Será que você pode entender?
O medo que eu tenho quando só.


Será que você pode entender?
O que busco quando estou só.


Se vier me fazer companhia,
Quando a noite cair eu canto.


Se me emprestar sua voz,
Empresto qualquer acalanto.


Canções, para ninar a mim mesma.


Medos, para tocar nossa tristeza.

Cruzadas

Estranhamente parelhas,
seguem-se vidas na terra.
Que ora e outra se cruzam,
com outras vidas paralelas.

E assim se fazem estradas,
e se fazem futuros. Linhas.
Que correndo ritmadas,
se trombam. Nós em linhas.

Quem há de desatar,
a enroscada das trajetórias?
De vidas parelhas, cruzando
outras vidas e suas histórias.

Não é de estranhar que
me conheça tão bem, e
além disso conheça quem,
um dia também me quis bem.

Não é de estranhar que eu
cá em meu canto encontre,
quem de teu canto foge.
E assim as vidas montem,
suas cruzadas.