quarta-feira, 28 de julho de 2010

Under the sea


Under the sea... Shadow and light dance free.
Under the sea... Swimming around in harmony.
The fishes and the stars, sharks afar...
Danger and safety, heal and scars...
Swimming around under the sea.
Light and carefree...
The sea is music to me.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sob o Mar (Final)

Ahti nunca imaginou que nadaria tão livremente pelo mar aberto, serpenteando como feixes de luz ao lado de Hella, não estavam só, para um lado e outro às vezes notava uma luz solitária e imaginava porque antes tudo parecia tão escuro. Mas a resposta veio num suspiro ao pé de seu ouvido, Ori respondeu: se você se perde da luz, tudo que vê é escuridão e tudo que sente é medo.
-Hella, aonde estamos indo?
-Você vai ver! Você vai ver! – ela respondia o puxando pelo braço. – Já estamos chegando...
-Aquilo é...? – Ahti apertou os olhos.
-Ziya... – Hella e Ori murmuraram felizes ao mesmo tempo.
Ahti nunca vira tantas cores e tanta luz antes, no começo machucou seus olhos, mas depois se acostumou e não lembrava de nada mais lindo em sua vida. Até as pedras e o coral reluziam, completando a harmonia das algas e anêmonas, dos peixes e esponjas. Mergulharam entre as luzes até chegar a uma rocha aonde Hella debruçou-se sorridente.
-Ó visitas. – a estrela do mar murmurou se arrastando até Hella sobre a pedra. – Lembro de você...
-Olá! – Hella cumprimentou. – Trouxe um amigo.
-Mais um mal educado! – a esponja gritou. – Se visita alguém se apresente!
-Ah... Ahti. – o tritão respondeu assustado olhando da estrela para a esponja.
-Não se incomode com ela, sempre foi assim rabugenta. – a estrela garantiu – Pensei que fosse voltar para casa, sereia Hella, o que faz aqui de novo?
-Apenas segui Ori... Sem dúvida e sem medo. – Hella respondeu e puxou Ahti pelo braço – E eu queria mostrar Ziya pra ele...
-Pensa que somos uma atração? – a esponja rangeu se encolhendo.
-Parece que ele já vê e ouve, mas não entende. – a estrela comentou. – Mas não é preciso entender...
-Não? – Ahti perguntou virando para Hella.
-Não. É mais uma questão de crença... – a sereia respondeu.
Houve silêncio enquanto o tritão observava os arredores, toda aquela luz, toda aquela paz, toda aquela certeza serena de absolutamente nada e estranhamente tudo. Era uma sensação morna e reconfortante que não sabia descrever ou compreender, mas se não precisava... Apenas aceitou e deixou a luz passar por si e ao redor, voltando de seus devaneios com a estrela do mar e Hella rindo, enquanto a esponja resmungava.
-Não dêem risada! Isso é muito importante! – a esponja brigou.
-Desculpe... – Hella pediu se controlando. – Não consegui evitar...
-Então é isso... – Ahti murmurou e todos se viraram como quem pergunta para ele – Nenhuma dúvida, nenhum medo... Apenas luz... Nada de mal.
-Não, não, não, menino. – a estrela do mar balançou suas pontas – O mal, o bem, sempre existiram... E sempre vão, assim como a luz faz sombras e nas sombras brilha a luz. Ori não quer dizer nada disso.
-Mas então... de que adianta a luz? – ele perguntou, se não fazia nada além de acalmar e consolar, se o perigo e a maldade eram inevitáveis, não era melhor ficar em Helmi?
-Tolo! – a esponja gritou se esticando.
-Ahti, sem a luz não podemos ver... Conhecer...Estamos presos e assustados, isso é maneira de viver? – Hella perguntou – Cabeça dura. Coisas ruins vão acontecer e você não pode evitar isso...
-E por que não?!
-Porque elas também fazem parte da vida. – Hella sorriu tranquilamente tirando o colar e o atirando entre as pedras. – Você aprende com elas e cresce com elas... Assim como as boas...
-O que você está fazendo aquele colar... – ele ia nadar quando ela o segurou.
-Eu não preciso dele para saber onde estou indo, Ahti.
-Ziya não trouxe a luz para salvar ninguém... – a estrela do mar contou – Ela trouxe a luz para que cada um pudesse escolher seu caminho.
Ahti não disse nada por algum momento, tudo fazia sentido e naquele mar de escolhas e liberdades Hella parecia perfeitamente confortável. Entretanto olhar o rosto da sereia o fazia imaginar que inevitavelmente ela iria se machucar, iria sofrer, coisas ruins iriam acontecer e enfurecia pensar que nada podia fazer sobre isso. Ela sorria e então ele entendeu que não precisava fazer nada, mas podia fazer tudo ao seu alcance se quisesse, podia ir com ela ou observá-la de longe. Nadaram em círculos as possibilidades.
-Hella... – ele engoliu em seco – Onde você está indo?
-Onde...? – ela o olhou por um momento.
-Vou deixá-los a sós... – a estrela murmurou se contorcendo para longe.
-Finjam que não estou aqui! – a esponja gritou.
-Qual seu caminho? – ele perguntou.
-Eu não sei ainda. – ela respondeu remexendo nos cabelos. – Mas eu tenho certeza que vai ser ótimo quando eu chegar no fim.
-Entendo... – ele murmurou virando-se.
Ela não mudara nada, desde que era criança, ainda nadava pro lado que tinha vontade, sem olhar para onde estava indo, serpenteando e dançando entre as correntes de água. Hella, ninguém nunca conseguiu acompanhar, controlar ou prever, era simplesmente como ela era, livre nas águas. Soltou um suspiro e já começava a se afastar quando sentiu um par de mãos o segurar pelos ombros.
-Onde você está indo? – ela perguntou.
-Sair do seu caminho. – ele respondeu sem virar o rosto nadando.
-Ahti... – ela murmurou torcendo os lábios. – Ahti!
-Divirta-se Hella... – ele murmurou sem olhar para trás, um nó na garganta.
Nadou em linha reta e por algum motivo tudo parecia mais escuro, não ouvia mais aquela voz suave ao pé do ouvido, acabou parando ao ver uma ressoante luz azul à sua frente, um enorme cristal com uma sereia adormecida dentro, a luz tremulava e parecia começar a ceder, cada vez mais fraca e incerta. O rosto dela era lindo, mas de seus olhos pareciam escorrer lágrimas, coisa que Ahti jamais vira, mas reconhecia como lindas e tristes e um aperto partiu seu peito.
-Sabe por que ela nunca levantou? – a estrela do mar perguntou, estava junto ao cristal.
-Não...
-A luz pode mostrar o caminho e ele pode ser qualquer um, mas... Todos nós só conseguimos ir até uma certa distância sozinhos. Ziya só conseguiu chegar até aqui.
-Entendo... – na verdade nem estava prestando atenção.
-Ela parece a pequena Hella, não parece? – a estrela comentou.
-Hella? – Ahti levantou o rosto para observar a sereia no cristal.
-Mas Hella tem você, então pode continuar... – a estrela completou.
-Eu?
-Vocês vieram juntos até aqui, não vieram?
-Idiota... – ele murmurou ao mesmo tempo em que Ori ao seu ouvido. – Hella!
Nadou o caminho de volta, mas ela não estava lá. Perguntou a esponja que se inclinou na direção em que a sereia seguiu, resmungando que ele era muito indeciso. Quanto mais se afastava de Ziya, mais tudo escurecia e por algum motivo não conseguia encontrar a luz de Hella, era como se o oceano tivesse apagado. Começava a ficar nervoso e uma sensação desconfortável tornava difícil respirar.
-Hella! Hella! – era como falar com o vazio.
-Ahti... – Ori chamou. – Aqui, Ahti...
Seguiu a voz que vinha de si mesmo, sem saber para onde o levava, até que encontrou uma fenda entre rochedos, dentro dela encolhida estava Hella, os olhos fechados e mãos unidas, estática com uma expressão tranqüila e ao mesmo tempo fria. A pegou pelos braços a puxando para fora das rochas e segurou no colo enquanto afastava os cabelos do rosto. O abrir dos olhos dela fora o resplandecer das profundezas através de um foco de luz.
-Hella... Vem comigo?
-Onde? – ela perguntou virando o rosto.
-Onde você quiser... – ele respondeu sorrindo.
-Ahti... – ela murmurou sorrindo, o rosto brilhando nas profundezas.
-Vem comigo? – ele perguntou de novo.
-Onde você quiser! – ela respondeu o tomando nos braços.

THE END

domingo, 18 de julho de 2010

Sob o Mar (10)

Ahti sentia frio na barriga e um leve formigamento atrás da nuca, quando deixou Helmi não tinha certeza do que fazia, mas faria mesmo assim. Iria acreditar nela, em Hella... Confiar. Sempre estivera seguro das coisas certas e erradas, o que fazer, responsabilidades, mas agora, tudo em que acreditava era naquela luz dançante, naquele calor envolvente. Nadou para fora das paredes de coral, para longe da segurança cheia de dúvidas e medos, deixou para trás até seu tridente.
-Hella!
-Ahti... O que está fazendo aqui? - a sereia perguntou girando. - Não devia estar mantendo Helmi segura?
-Contra o que? - ele encolheu os ombros - Há algo a temer?
-Não... Não há. - ela respondeu sorridente. - Mas você nunca acreditou nisso, Ahti... Você sempre se preocupou.
-Com você... Mas se você não tem com o que se preocupar, então... Nem eu. - ela brilhava, como uma ninfa* das nascentes, um brilho suave e acolhedor, pura luz.
-Você finalmente percebeu, então? - ela o abraçou - Eu estou bem Ahti, sempre estive... E você...
-Shhh. - ele pediu a apertando nos braços - Eu acho que eu entendi...
-Entendeu?
-Só temos a temer o que nós mesmos causamos... - ele murmurou - Algo assim...
-Você pode ouvir, Ahti?
-Ouvir?
-... - ela torceu os lábios e ele ouviu um múrmurio em sua cabeça.
-O que é isso? - ele perguntou virando procurando a origem do som.
-Ori. - ela sorriu. - Então você ouve mesmo!
-Dá onde vem essa voz?
-De você, Ahti. - ela respondeu - E não é só uma voz...
-É o que?
Ela se afastou ainda o olhando ergueu a mão e ele a via brilhar, ela moveu-se na água e a luz respondia, fluía...Ela estendeu a mão na direção dele e os dois sorriam, não entendeu muito como, mas ao esticar o braço viu algo enroscar-se nele, deslizar até o pulso, depois dar a volta até a palma e esticar-se na direção da mão dela. Luz... Pura luz...
-Eu quero te mostrar algo, Ahti...

*Ninfas são fadas que vivem em fontes de água pura.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sob o Mar (9)

-Ahti, se você sair você também não vai poder voltar! Estarão os dois exilados de Helmi!
-E devo deixar Hella sozinha?
-Ela saiu porque quis... - torceram o nariz.
-Hella nunca conseguiu ficar presa a lugar nenhum... - o golfinho comentou em tom paternalista - Fechar Helmi foi o mesmo que exilá-la.
-Ela sempre foi uma garota problema, que lide com os próprios agora! - alguém comentou com desdém.
-Por que vocês estão tão nervosos? - Ahti perguntou.
Era estranho, pela primeira vez podia ouvir e sentir tudo do ponto de vista de Hella, toda aquela preocupação exarcebada, brados indignados e exclamações não faziam o menor sentido. Tinha vontade de rir ao lembrar-se que era exatamente assim antes... Aquela vozinha na sua cabeça também ria o lembrando de que ele era chato daquele jeito. O golfinho se aproximou de Ahti com uma suposição.
-Talvez a liberdade e dúvida os assuste.
- Irresponsabilidade e desobediência não é liberdade!
-Talvez seja. - Ahti cortou - Talvez Hella saiba melhor que nós a resposta...Se estão tão bravos é por que estão assustados... Com o que? Estão perfeitamente seguros aqui...
-Não é aqui, é lá...- o golfinho comentou - O oceano aberto e escuro, as profundezas do mar e todos que se escondem e vivem nela... É isso que assusta.
-Isso é problema de Hella! Ela que está la fora!
-Sim, mas vocês que estão tremendo. - Ahti completou sorrindo. - Ela não tem medo... Mas vocês tem medo por ela... Por que? Já se perguntaram?
-Por que? Porque...
Mas nao havia resposta, desde que Helmi fora criada não havia resposta. Por que medo? Sempre estiveram juntos e seguros, mas o oceano aberto.... Continuava escuro e misterioso, continuava sendo amedrontador. Mas Hella não tinha medo, Hella sabia melhor a resposta... Sabia melhor algo que ele não sabia, mas começava a vislumbrar, num feixe de luz dançando nas águas.

domingo, 11 de julho de 2010

Dormir pra que?

É preciso dormir, descansar o corpo,
mas minha cama estará aqui amanhã.
Como está aqui hoje e estará depois.

Você só está hoje, ainda que um pouco,
e pode desaparecer pela manhã.
Não deixo o que tenho agora pra depois.

Então deixa os ponteiros rodarem,
deixa as horas passarem sem dó.
Aproveitando os segundos e sobras,
exaustão, satisfação... Pó ao pó.

Sob o Mar (8)

Ele ficou paralisado, entre a Hella que via a sua frente e a memória que voltava aos poucos à sua mente... Brilhava, incendiava sua mente de tamanha luz até que ficara cego, agora lembrava o que acontecera. De algum jeito surgiu luz, mais luz do que jamais vira vindo de Hella e seu redor, não podia enxergar, mas algo o levou pela mão e quando se deu conta todo o fundo do mar brilhava, inumeros focos de luz e feixes brilhantes.
-Hella, aquele dia...
-O que? - a sereia perguntou o encarando.
-O que é... - mas a frase ficou pela metade, seus olhos caíram sob o colar de Hella que brilhava.
Devia ter sido isso, o colar que brilhava, dele viera a luz. Sacudiu a cabeça enquanto se afastava sem entender o que ela realmente queria dizer. Coisas de Hella, ela era despreocupada assim mesmo, a sereia o foi seguindo com os olhos e então escapuliu por uma dsa aberturas no coral para fora de Helmi. Por um momento ninguém notou sua ausência, mas só por um momento. Ahti ouviu algo dentro de sua cabeça:
-Vai ficar tudo bem... - não reconhecia a voz.
-Hella? - chamou, mas não havia ninguém ali.
-Ahti, olhe lá fora... - a voz insistiu - Vai ficar tudo bem...
Demorou algum tempo para ceder a vozes que vinham de lugar nenhum, mas finalmente nadou até uma das frestas do coral, assistindo um feixe de luz dançar nadando ao redor de Helmi, um brilho azulado em seu centro e em uma de suas piruetas ao aproximar-se Ahti reconheceu, ainda que de longe Hella. Primeiro ficou bravo e preocupado, depois apenas hipnotizado...
-Está tudo bem. - a voz insistiu e ele concordou com a cabeça.
-O que ela está fazendo? Ninguém pode sair! - algum dos tritões exclamou.
-Ela sempre foi assim! É perigoso!
-Que vá e não volte dessa vez! - uma terceira pessoa dizia.
-Calem a boca. - Ahti mandou, estranhamente soava mais como Hella do que como ele mesmo. - O que vocês sabem?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sob o Mar (7)

-Isso é inaceitável. - o tom de voz era definitivo.
-... - ele não conseguia ou podia responder àquilo.
-Helmi está selada, ninguém mais deve sair ou entrar. Isso é tudo, Ahti.
-Sim, meu Senhor. - o tritão respondeu com uma mesura.
Nunca pensara direito naquilo, quando fora atrás de Hella Helmi ficou em polvorosa, e o fato do chefe da guarda sumir e depois passar dias desmaiado deixou todos assustados. O Rei mandava e assim seria feito, Helmi agora era mais uma ostra que uma pérola, fechada e segura. Entendia os motivos, mas se sentia desconfortável. Era o melhor para todos, era o seguro, devia seguir com seus deveres, mas o rosto de Hella saindo em alta velocidade para fora das paredes de coral lhe vinha a mente, ela sempre gostara de nadar no oceano aberto.
-Isso é ridículo! - Hella gritava com dois tritões que a seguravam pelos braços - Me soltem!
-Temos ordens, senhorita. Ninguém deve sair ou entrar, é muito perigoso!
-Perigoso? Perigoso? Por que não se enfiam numa caixa e vivem nela então? Nada mais seguro!
-Hella, já chega! - Ahti gritou se aproximando - Podem soltá-la eu cuido dela...
-Ahhh cuida? - ela bateu com a nadadeira no nada torcendo o rosto. - Isso é coisa sua seu....
-São ordens do Rei. Se nem mesmo os tritões estão seguros os outros... - ele baixou o rosto - Como se adiantasse falar com você.
-Não me chama de burra!
-Eu não falei isso! Você só é infinitamente teimosa e irresponsável! - ele gritou de volta.
-E isso nunca foi problema seu! - ela cruzou os braços. - Intrometido!
-Tem razão... - ele estava cansado, falava baixo - Mas a segurança deste lugar é, você não pode sair.
-Ahti...
-Por favor, Hella...
Ela nunca o vira tão quieto, tão suave, tão... Ele parecia ter encolhido, não tinha metade da energia, autoridade e pompa de sempre. Acabou concordando com a cabeça, nunca imaginara que um dia veria Ahti como o garotinho de sua infância, apenas um garotinho. Ele fez menção de virar-se parar ir embora, mas Hella lhe puxou a mão e o abraçou com ternura. Estava sempre causando problemas para ele, por isso ele estava tão cansado? Por todo aquele tempo cuidando dela?
-Vai ficar tudo bem, Ahti. - ela prometeu.
-Hella... - fechou os olhos por um momento, algo brilhou em sua mente.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sob o Mar (6)

Tudo estava tranquilo, silencioso e morno... Sentia um leve formigamento atrás da cabeça e os olhos pareciam finalmente descansar conforme começavam a abrir, a princípio embassados, depois mais nitidamente viu a luz fluorescente de um dos peixes contra a parede de coral. Respirou fundo, nada doía, mas não sentia muito bem seu próprio corpo, endireitou-se levantando e tudo começou a voltar... O oceano aberto, os tubarões.
-Os tubarões! - ergueu-se num susto e quase atropelou o golfinho - Os tubarões, onde...?
-Hey! Segure seus cavalos marinhos, calma!
Não sabia se ria, se suspirava, se gritava... Numa mistura de alivio, raiva e sabe-se lá mais o que o nome entalou na garganta: Hella. Ali na sua frente, sorridente, com o mesmo ar despreocupado e negligente de sempre, desde que eram crianças. Ahti não pensou duas vezes antes de segurá-la pelos braços e encarar fundo em seus olhos.
-Sua...
-De nada - ela respondeu alegre. - Você dormiu dias e mais dias, sabia?
-Estavamos preocupados, apesar de não estar ferido não é comum dormir tanto. - o golfinho emendou.
-Dormir... Hella...
-Vejo que vocês tem muito o que conversar, além das aulas que tenho que dar, vou deixá-los...
-Hella! - Ahti gruniu puxando a mão da sereia.
-Por que está me olhando assim?
-O que aconteceu? Você se machucou? Como viemos parar aqui? E os tubarões?
-Calma, uma coisa de cada vez... - ela agitou as mãos virando o rosto - Estamos bem, está tudo bem para todos.
-Para de falar isso...O que houve?
-Você não lembra de nada? - ela torceu o nariz, depois riu. - O que você estava fazendo lá de qualquer jeito?
-Eu fui buscar você sua irresponsável! Eu falo que o oceano é perigoso, mas você é teimosa sua inconsequente! - ele gritou cruzando os braços.
-Ninguém pediu pra me seguir! Por que você não vai cuidar da vida de outra pessoa?
Os dois deram as costas murmurando: idiota. Depois nadaram em direções opostas, Hella lembrava de tudo, Ahti fora atrás dela... Estava cercado por tubarões e podia ter morrido, ainda assim a mandou fugir. Aquele idiota, lembrava que por um momento tremera inteira pensando que tudo podia dar errado, mas por algum motivo vendo a profundeza dos olhos dele, ouviu aquela voz e tudo fcou bem. Mas ele não lembrava de nada, devia ter batido a cabeça.
-Irresponsável...- Ahti balbuciava se afastando. - Eu me preocupo com você sua idiota...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sob o Mar (5)

Mesmo que pudesse lembrar de tudo nitidamente, Hella sabia que jamais poderia definir o que a estrela do mar lhe mostrara. O enorme cristal azulado que ressoava e reluzia no fundo do oceano e a face feminina que lhe sorria lá de dentro, Ziya transmitia paz, conforto... Segurança. Nunca se sentira tão bem antes na vida. E de alguma forma, entendeu a mensagem, podia ouvir aquela mesma voz ao seu ouvido:
-A luz em si e ao seu redor, nenhum mal ou escuridão a envolverão...
Despediu-se sorridente, de alguma forma toda aquela conversa chata do golfinho sobre como Helmi surgiu, para se unirem e protegerem fazia sentido. Sem luz as pessoas tinham medo e sofriam, por isso se reuniram com a pouca luz que restava. Enquanto nadava seus olhos vagavam e aqui e ali nas profundezas pequenos pontos de luz a guiavam.
-Ori... – ela sorriu nadando mais rápido.
Então uma faixa cortou as águas à sua frente, ainda estava longe mas reconheceu o feixe de luz dourada. As lanças dos tritões faziam aquilo, mas ainda estava longe de Helmi... Ainda era oceano aberto. Uma sensação desagradável formigou em sua nuca conforme via as rochas ao redor e lembrou-se dos tubarões. Outros clarões, um tritão lutava...
-Ahti! – exclamou pasma lembrando do chefe da guarda, seu amigo de infância rabugento – Ahhh idiota, idiota...
Nadou tão rápido quanto pode para assistir Ahti afastando dois tubarões com sua lança, sozinho não era a mesma coisa que espantá-los em Helmi, sozinho ganhara um ferimento profundo no braço e o sangue se espalhando só parecia fazer os tubarões atacarem mais ainda. Hella hesitou por um momento agarrando a jóia em seu pescoço, a luz irradiava e aquecia seu rosto.
-Ahti! – chamou e o tritão se virou na direção dela.
-HELLA SAI DAQUI! – ele mandou agitando a lança conforme um tubarão ia na direção da sereia.
-Parem já com isso! – ela mandou girando na água, foi parar entre o tritão e os tubarões, abrindo os braços. – Chega!
-Hella! – Ahti gritou.
-Está tudo bem... – ela murmurou ao mesmo tempo em que ouvia a voz em seus ouvidos, Ori... Quente e suave. – Está tudo bem...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Pausa pra um poema

Pintei o céu azul turquesa,
do violeta ao dourado teu.
Colhi as rosas e violetas,
antes dos sonhos de Morfeu.

Entreguei-te sem palavras,
tudo que poderia ter e dar.
Aceitou ainda que encabulada,
sem nada poder retornar.

E antes que acabe-se tudo que temos...
Aceita meu beijo, aceita... E acabemos...
Tudo em mim para ti foi se acabar.