sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"DES"Evolução

Aos 5 podemos ser qualquer coisa!
Aos 10 podemos ser o que quiser quando crescermos.
Aos 15 podemos escolher o que tentar ser.
Aos 20 podemos ser o que nos pagarem para ser.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Adeus inconclusivo

Eu deixo esta vida da mesma forma que entrei nela, sem ideia do motivo.
Não há nenhuma grande resposta ou propósito, nenhuma consequência programada.
Eu deixo esta vida com a mesma compreensão do começo, nenhuma.
A completa ignorância de quem sabe o suficiente para admitir que nada sabe.
Não levo nenhuma crença em recompensas ou punições, apenas uma caixinha de memórias.
Não chego a nenhuma genial conclusão, nem me torno mais completa ao recordar e partir.
Não, não há nada. Nem a doçura de tempos melhores ou a frieza dos maus agouros.
Apenas aquele silêncio turbulento do segundo em que a mente fecha as portas antes de dormir.
Deixo esta vida, sem remorso, nem fé.
Deixo está vida pelo que foi e do jeito que é.
Qualquer que tenha sido.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Richard. Looking for Group.



Richard desejando ser grande.

Nem isso...nem aquilo

Não quero ser normal...nem aberração.
Basta-me de ser bondosa...chega de ser cruel.
Pra que ser romântica e de que adianta o ceticismo?

Nada... Nem isso, nem aquilo.
Espero pelo que ainda não sou, e ainda o que, não sei.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ilusões

De todas as ilusões que possuímos na vida, o amor é a única que dói ao ser desfeita.

sábado, 4 de junho de 2011

Ninguém foi pior que você...

De todas as pessoas que passaram pela minha vida, de todas que tiveram alguma importância ou me decepcionaram... Você foi de longe a pior. A pior, afinal ninguém me conhecia melhor, entendia melhor... E não dá pra esquecer, não dá pra perdoar e essas são as únicas alternativas que me restam.

Eu teria aceitado qualquer palavra, qualquer ideia, qualquer resposta, mas tudo que houve foi o silêncio dando lugar pra incerteza. A pior verdade seria mais doce que não saber. Qualquer coisa que tivesse feito teria sido menos dolorosa que não ter feito nada e deixado passar.

Eu sei que você tem motivos, justificativas e tudo que escolheu e fez fazia sentido. Argumentos perfeitos para justificar até a coisa mais estúpida e errada. E quando tudo era tarde demais bastava um encolher de ombros. Um silêncio pérfido de quem não é capaz de compartilhar e confiar. Sempre presente e ausente ao mesmo tempo. Nunca me deixando esquecer, nunca me deixando partir.

Ninguém foi pior que você e tudo é culpa sua. E todo dia penteando o cabelo sou obrigada a ver seu rosto... Todo boa noite sou obrigada a fechar os olhos com você... E aprender a conviver com essa dura realidade. Aprender a viver comigo mesma.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Teste das musiquinhas

Coloque sua playlist no aleatório, passe pra próxima música para responder cada pergunta mesmo que não faça sentido.

1. Como você está se sentindo hoje?
You can’t Stop the Beat – Hairspray

2. Você vai avançar na vida?
Bills, Bills, Bills – Destiny’s Child (já vi que vou dever até a alma o.o)

3. Como os seus amigos te vêem?
Hell to the No – Glee Cast

4. Você vai se casar?
For a Borther – Velvet Revolver

5. Qual é a música tema do seu melhor amigo?
Start me up!/Livin on a prayer – Glee mash up

6. Qual é a história da sua vida?
Crawling – Linkin Park (q triste!)

7. Como foi/será o ensino médio?
Hey, Soul Sister – Warblers

8. Como você pode seguir com a sua vida?
Whoever Brings the Night – Nightwish (com garotas de programa? o.o hmn....)

9. Qual é a melhor coisa sobre seus amigos?
Born this way – Lady Gaga (beautifuuuuul)

10. O que tem programado para esse fim de semana?
Forsaken – David Draiman (....fujam!)

11. Para descrever seus avós?
I dreamed a Dream – Les Miserables

12. Como está indo sua vida?
Der neue Gott – Oomph! (Sou deus, há!)

13. Que música vai tocar em seu funeral?
Psycho Killer – Diana (nunca me pegarão viva)

14. Como o mundo te vê?
Not while I’m around – Sweeney Todd (owwwwwnnnn *-*)

15. Você terá uma vida feliz?
Rule by secrecy – Muse

16. O que você deveria fazer agora?
I feel perfect – Porcelain and the Tramps (sexo...o.o)

17. As pessoas te desejam secretamente?
Losing my Religion – Glee cast

18. Como posso te fazer feliz?
Turning Tables – Gwyneth Paltrow

19. O que você deve fazer com a sua vida?
Transparent – Porcelain and the Tramps

20. Você terá filhos?
Tik Tok – Ke$ha

21. Se um homem numa van te oferecesse balas, o que você faria?
Time after Time – Diana (como assim? o.o)

22. O que sua mãe pensa de você?
Ever fallen in Love – Stiff Dylans (bem possível....)

23. Qual é o seu segredo mais negro e profundo?
Breath – Oomph!

24. Qual é a música tema do seu inimigo mortal?
I don’t Care – Fall out boy

25. Como é sua personalidade?
Behind blue eyes – Limp Bizkit (no one knows what's like...=( lol )

26. Que música será tocada em seu casamento?
Forget You – Cee Lo Green

27. Quais são suas aspirações?
La Tortura – Shakira

28. O que passa pela sua mente quando você acorda?
I belong to you – The Muse

29. O que sua namorada quer de você?
By The Sea – Sweeney Todd (droga, já vou estocar protetores solares)

domingo, 17 de abril de 2011

Epifania do dia

Já se encontrou com pessoas de muito tempo atrás, ou reunião amigos de muitos anos e ficou com a estranha sensação no estômago de que pra eles não importa mais? Talvez o passado só tenha valor no dia em que foi presente...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Até lá

Escorregue os dedos por entre os meus
e deixe as mãos se apertarem.
Enquanto meus olhos engolem os seus,
deixa a imaginação ser o que vale.

Num silêncio quente entre sorrisos,
com as mãos abaixo da mesa.
Num roçar das pernas contido,
sem despertar qualquer surpresa.

E enquanto a audiência permanece,
os atores relembram suas cenas.
Até que o cenário esteja deserto
e possa começar a realidade.
E acabar da imaginação o cinema.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Solidariedade e Interesse

Estudando ONGs e debatendo as diversas ações sociais, programas de incentivo, instituições, empresas mantenedoras e patrocinadoras você se depara com muitas coisas bonitas. Você sorri pensando que há esperança, que o mundo vai ser melhor, se apaixona pelas causas. Por outro lado você encontra fraudes e pessoas que só pensam no retorno de mídia e de lucro.
Deixando fraudes de lado. Vamos pensar racionalmente sobre a questão do interesse quanto ao retorno de ações de Responsabilidade Social. Se uma organização está investindo nisso, investimento e resultados deste são menos válidos se não for uma decisão ideológica ou altruísta? Ajudar ao próximo só tem valor se você não quiser, nem receber, nada em troca? Se a resposta for sim, há uma possibilidade pessimista disso simplesmente deixar de acontecer. Restando apenas os idealistas, com pouca esperança de melhorar o mundo.

sábado, 12 de março de 2011

Contradição

É muito hipocrisia querer que alguém dê valor as coisas da vida, enquanto você não dá o menor valor pra própria. Esperar que alguém viva, aguente, sorria, enquanto você preferia o fim e vazio absolutos. É muita hipocrisia, mas você pede... Por que pra cada coisa há dois pesos e duas medidas. Não importa o quão contraditório seja, egoísta, egocêntrico ou hipócrita...


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dias

Tem dias que acordo sorrindo,
tem vezes em que penso em você.
Algumas noites esqueço que existe,
outras horas faltam motivos pra viver.

Tem dias que acordo cansada,
tem vezes que sobra vontade de ser.
Algumas noites prevejo derrota,
outras horas só não quero vencer.

Tem dias que só dão discórdia
e tem vezes que só quero compreender.
Tem noites que doem na alma,
outras horas acalanto e você.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Feliz dia dos namorados!

E já que não tenho namorada, aqui vai um post pra algumas lindas que merecem ter um dia maravilhoso a cada dia que acordam, feriado ou não!

Fabi, por fazer cookies pra mim e ser complicada.

Lil, por me achar um anjo quando nem eu acho.

Cla, por me dar pirulitos de coração e ser diva tsun.

Mandie, por ser aloka e me fazer parecer menos um mal exemplo.

Muffin, por ser fofa e extremamente menininha mesmo de cabelo curtissimo.

Google. Qual lá, o twitter dela é la_usurpadora!

Kat, por que sempre vai ser minha uke que me ameaça com yaois.

=*


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Humanoid

Sou apenas mortal
Às vezes, as coisas fogem do meu alcance.
E para bem ou mal,
o resultado é uma pura questão de chance.

Sou apenas menos
do que serei um dia e do que já são os outros.
E de qualquer jeito
não querer ser mais que isso serve de consolo.

Sou apenas humana,
daí tantos erros na vida e tanta crueldade minha.
Mas ela não se engana,
tenho problemas, dores e erros pra lidar sozinha.

Sou apenas uma dúvida
procurando uma resposta que só eu posso dar.
Mas pareço ser a única a não conhecê-la.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Excrucior

Tudo que é ruim nisso,
tudo que deu errado.
Tudo que faltou e o que nunca chegou.
Isso dói.

Tudo que é bom aqui,
tudo que deu certo.
Tudo que sobra e sempre esteve perto.
Isso dói.

E mesmo sem aguentar,
pedimos mais do mesmo e um pouco do outro.
E mesmo sem sentir nada,
pedimos menos do mesmo e muito do outro.

Por que sabemos que dói,
mas não vivemos sem.
Omni. Excrucior.


domingo, 30 de janeiro de 2011

Sara Lee


Arte perfeita da sumomo da minha BBCB e a Sara Lee *-*


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sem alternativa

Hoje eu lembrei de tanta coisa,

Que na verdade nunca esqueci.

Mas o tempo vai deixando pra lá

E se voltasse nada iria mudar.

Ainda assim como é bom pensar...

E se, meu amigo, e se...

E se, meu amor, e se...

Mas nada posso fazer.

E ainda sinto tanta coisa,

Que sempre vai me doer.

Mas o tempo vai me lembrar,

Que é bom assim também.

A dor me faz apreciar melhor

E lembra da mea culpa.

Porque eu lembro de tudo, só

Que nunca vou me esquecer.

Que nada vai mudar o que sinto,

O que fiz sentir... Nem e se...

E se, meu amigo, e se...?

E se, meu amor, e se...?

Não tem outra alternativa,

Mas isso nunca me fez amar menos você.

No surprise

Why do I? How could I?
Can't you tell? My, oh my...
It's not for evil or being mean
Just feels so good...your scream.

Why Do I? How could I?
Can't you guess? Just try.
It's not because I hate you
in fact is the other way around.

That embarassed face of yours
The sheer panic in your eyes.
Feels so good that is no surprise
why do I and how could I.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Valerie Velius

História da minha personagem de Elys Egil...


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Valerie nunca conheceu sua mãe, mas nunca teve tempo de pensar em uma, viajava o mundo com seu pai e o exército, sendo criada por soldados e cientistas militares, seu pai era um deles. Entre o campo de batalha e o laboratório ela não o via muito, mas ele sempre tentava compensar tentando explicar para a filha tudo que os cercavam. No lugar de bonecas tinha armas como brinquedos e no lugar de dançar em roda lutava com os soldados que a viam numa mistura de irmãzinha e mascote.

-Valerie? Valerie! – Alexander Velius não era exatamente o que se esperava de um soldado, sorria demais e era gentil demais com todos, ou pelo menos na frente da filha sempre foi assim. – Entre agora! É um ataque!

Ninguém lembrava quando a guerra começou, todos estavam tão acostumados que parecia natural ter sempre sido assim. O inimigo tinha desenvolvido uma arma invisível, pequenos organismos sintéticos com I.A. que chamávamos de vírus nanorobô que se espalhava por quilômetros pelo ar e contra os quais não podíamos fazer nada além de tentar evitá-los. Se não achassem um alvo eles morriam depois de alguns dias, mas se atingiam...

-Papai o Mike ainda não voltou! – Valerie gritava sendo puxada para dentro do prédio.

-Lacrem tudo! – Alexander gritava. – Valerie, não dá tempo!

-Mas...

Ela não falou nada, assim como ninguém do outro lado das portas lacradas. Através do vidro impenetrável era possível ver soldados que ficaram presos do lado de fora, tudo ao redor parecia normal exceto a fumaça muito distante de onde a bomba explodiu. Mas todos ali parados olhando puderam assistir o efeito do vírus nanorobô, que uma vez que entrava no hospedeiro o consumia lentamente por dentro. Alexander cobriu os olhos da filha, mas nada podia abafar os gritos e a imaginação de criança só adicionava horror ao episódio.

Não havia como parar algo que não se podia ver, os técnicos recuperaram restos da tecnologia inimiga que Alexander e outros cientistas estudavam. Ele tentava utilizar aquilo e transformá-los em simbiontes que deixariam os soldados mais fortes e protegidos, mas todas as cobaias inevitavelmente morriam. Logo não havia mais voluntários e tudo parecia uma causa perdida, durante anos nos quais Valerie já não sabia que valor tinha um soldado. Os homens fortes que a criaram um a um viravam pó espalhado no campo e não havia mais ingenuidade para pensar que o inimigo também não sofria de alguma forma com o que quer que eles fizessem além de seus olhos.

-Hey, pequena V. – um soldado cumprimentou chegando com os coturnos cheios de lama e o rosto com novas cicatrizes.

-Quem é você? – Valerie perguntou levantando o rosto adolescente na direção do homem.

-Hector... Claro que não lembra de mim. Eu era o soldado que levava as amostras para o seu pai. – ele pausou depois de mencionar Alexander, mas o rosto de Valerie permaneceu impassível, sem saber como continuar ficou calado a encarando.

-Algum problema?

-Você não soube?

Alexander partira com o último batalhão, dissera que talvez encontrasse uma forma de fazer funcionar sorrindo confiante, mas não voltou com os soldados. Poucos voltavam, cada vez menos a cada dia. Valerie caminhou pela base ignorando todos que a cumprimentavam, os olhos vazios em seus próprios pensamentos, só parou quando uma parede de homens se formou a sua frente bloqueando o caminho. Crescendo com soldados sentia quando se formava uma emboscada, sem entender porque a morte de seu pai a colocou em uma.

-Pirralha maldita! Segurem as pernas dela!

Não importa quem a criou, quando cinco soldados e dois cientistas de jaleco se juntam contra uma garota os chutes de seu coturno ou os filetes de sangue que arranca com os dentes não significam nada, ela vai perder. Foi desacordada com um sedativo que devia tê-la deixado completamente apagada, mas ainda podia ouvir tudo ao redor e sentir as mãos que a seguravam e o balançar de seu corpo sendo carregado.

Sentiu o frio de uma superfície dura aonde foi colocada, enquanto tiras eram amarradas ao redor de seus pulsos e tornozelos, tiras ainda maiores sobre suas coxas e cintura, a fazendo perceber que estava em uma das mesas do laboratório. Quando um suporte de metal frio foi fechado sobre sua testa na escuridão para manter a cabeça imóvel sabia que estava na mesa de cirurgia. Seu pai nunca a deixara assistir, mas ela sabia que era ali que amarravam cobaias e faziam implantes.

-Essa não é a filha do Alexander? – ela reconhecia a voz do general, ele que fazia todas as declarações oficiais aos soldados, era a voz mais familiar de todos os lugares pelos quais passara a infância, bases, laboratórios, campos.

-Em tempos como esse utilizamos os recursos que temos a mão, senhor. Todos morreram é verdade, mas não foi um problema de compatibilidade ou da tecnologia, o processo que foi doloroso demais causando a morte dos soldados.

-Sedativos?

-Não podem ser utilizados, eles afetam os organismos sintéticos, por isso os utilizamos em campo. Ao invés de se espalhar pela corrente sanguínea eles são desativados e imóveis.

-Então é isso que tem aleijado os soldados... – O general não parecia particularmente interessado ao saber daquilo.

-Sim, há uma chance exorbitante de formação de coágulos que causa enfartes e derrames, há também aqueles que ao perder a circulação tem membros amputados, mas pelo menos sobrevivem. – o general não reagiu e como outro continuou quase gaguejando Valerie soube que ele realmente não se importava com nada que estava sendo dito, queria fatos e frases objetivas, como a maioria dos soldados. – De qualquer forma, é cientificamente comprovado que as mulheres possuem uma tolerância maior a dor, portanto uma poderia sobreviver ao procedimento.

-Aquilo é uma criança, doutor.

Valerie não sabia ao certo se deveria entrar em desespero com a perspectiva de ser a cobaia de um procedimento dolorosamente mortal ou zangar-se com o tom de desprezo indiferente do general. Não tivera nem tempo de lamentar a perda do pai e sua mente não sabia o que processar primeiro, também a distraía o fato do suposto doutor começar a gaguejar e o tom nervoso de outros que se juntavam a discussão. Aparentemente tempos difíceis requerem sacrifícios e medidas desesperadas. Não havia soldados mulheres entre os inimigos aprisionados, não havia voluntárias e ninguém por perto que pudesse usar, exceto a recente órfã. Era tão ridículo e clichê que fazia Valerie querer rir, mas estava completamente imóvel e cega devido a droga que injetaram nela.

-Faça.

Um comando simples que qualquer soldado entenderia e qualquer desesperado obedeceria. Mas não aconteceu imediatamente, tinham que esperar a droga perder seu efeito e a garota despertar por completo. Quando finalmente conseguiu abrir os olhos e mover o corpo nas amarras ela não disse nada, apenas olhava ao redor, logo ao lado de sua cabeça estava uma enorme pistola com ponta de agulha com um tubo acoplado. Usada normalmente para vacinas ela podia imaginar quantos milhões de coisinhas mortais nadavam dentro do tubo, esperando para devorá-la.

-Valerie. – um dos homens que a pegaram chamou pondo uma lanterna em seus olhos para checar a reação das pupilas. – A chamavam de V.V., não é? Valerie... Valerie viral... Você pode ser a primeira, mudar toda a história...

Ela não respondeu, apenas o encarou sem vontade alguma de dar algum conforto àquele homenzinho miserável com óculos quadrados e cabelo lambido. Não iria consentir com nada, mas também não daria a ninguém o prazer de seu desespero e sofrimento, sabendo que muitos naquele lugar eram sádicos. Manteve-se resignadamente calada como um prisioneiro de guerra encarando o “doutor” enquanto ele se movia ao redor da mesa falando desajeitadamente.

-Essa injeção colocará cerca de um bilhão de simbiontes em seu corpo, eles vão se espalhar pela sua corrente sanguínea tomando lugar de aminoácidos, depois de proteínas, até finalmente atingir seu RNA. Ao fim do processo eles farão parte do seu corpo atuando de diversas formas, vê? – e apontava para a pistola com agulha na ponta, dentro do tubo o líquido era avermelhado – Eles a tornarão mais forte e sadia, combaterão doenças e... Era a pesquisa de seu pai, você deve conhecê-la.

Ela não assentiu, mas conhecia. O deixou falando sozinho sobre como aquilo era importante enquanto um soldado passava álcool em seu braço e depois plugava eletrodos para monitorar seu coração e cérebro. Não deixou de encará-lo, mas já não o via. Via seu pai e imaginava quantos tinham passado pelo que ela passaria, nas mãos do ataque inimigo ou nas dele, tendo aquelas pequenas coisinhas andando pelo sangue e devorando tudo, correndo por vasos e se infiltrando nos órgãos. De uma maneira estupidamente irônica aceitou seu destino.

Dor não era a palavra correta para o que aquela injeção causava, tudo começava com arritmia quando o sangue se misturava aquilo impulsionando todo o trajeto e em poucos segundos havia um tipo de ardência por todo o corpo. Não conseguia chamar aquilo de dor, por que o que vinha depois da ardência era diferente de qualquer coisa que jamais sentira e chamava de dor, mas as pupilas quase desapareceram e sentia que seu coração ia explodir ao mesmo tempo em que seu cérebro parecia gritar e contorcer fazendo a agulha do aparelho balançar alucinadamente de um lado para o outro. Depois tudo parou no mais tranqüilizador silêncio frio.

-Ela também... – alguém murmurou.

O laboratório era selado, só sete presentes, incluindo o general, ouviram os gritos e assistiram os espasmos enquanto a agulha balançava e o monitor cardíaco apitava, depois o corpo parado e o som continuo do apito da parada cardíaca, a agulha do eletro parada fazendo uma risca contínua no papel. Não era uma visão bonita, mas para quem passou pela guerra não chegava a ser inconcebível. Um soldado tirou os eletrodos enquanto o doutor ia conversar com o general que não estava interessado em explicações, apenas no resultado que era óbvio. Aquilo era um erro, uma tentativa impossível de tornar qualquer um mais do que naturalmente era.

-Burocratas...- o soldado resmungou vendo o grupo se afastar ao redor do general, perguntando em que investiriam, o que mais tentariam só restando ele na sala.

-Pode me desamarrar agora, por favor? – Valerie pediu abrindo os olhos castanhos.

O soldado teria gritado, rezado, desmaiado ou qualquer outra coisa se não estivesse tão exultante ao vê-la consciente. Era como assistir um companheiro voltar dos mortos e queria correr para avisar alguém! Tinha dado certo, não tinham sacrificado dolorosamente uma garota para nada. Ingenuidade da parte dele, porque ao soltar Valerie ele acabava com qualquer chance de correr de volta para o grupo com esperança e gritos de vitória. Ao sentar na mesa a primeira coisa que ela fez foi levantar o rosto e girar a cabeça para ouvir melhor:

-O que disse?

-Deve ter sido uma dor horrível... Incrível! Viva! Vencendo a dor e... – ele calou com as mãos dela ao redor do pescoço dele, os dedos finos pareciam duros como aço, os olhos esbugalhados enquanto tentava puxar os braços dela e respirar ao mesmo tempo.

- O que você sabe sobre dor? – ela perguntou com um sorrisinho forçado de lado enquanto ouvia o pescoço dele estalar. – Nada... Nenhum de vocês sabe nada.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Faz tanto tempo

Faz tanto tempo desde a última vez, que sinto que nem lembro mais...
Chegando a pensar que na próxima vez nem vou lembrar como se faz...
Faz tanto tempo que o passado virou uma mistura do que foi e fantasia...
Faz tanto tempo que já não sei o que foi verdade e o que daquilo foi mentira...

Chego a pensar que faz tempo demais...
Chego a pensar em voltar atrás...
Chego a pensar que já nem sei...
Chego e sem pensar quero uma outra vez.