sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A Dama e o Lobo

Esse medo é ainda o mesmo,
O mesmo que esse calor.
O prazer e a dor de um beijo,
De presas afiadas que tem o senhor.

Esse arrepio ainda é o mesmo,
O mesmo que essa pele morna.
Seu corpo recostado a mim tremendo,
De amor e medo, minha senhora.

Eu me perco a olhar seus olhos,
Como você se perde olhando a lua.
Mesmo sem estar sob suas patas,
Esse corpo... Eu, sou toda sua.

Eu uivo sob o grande céu noturno,
Você deitada na minha cama.
Mesmo que eu lhe soltasse
Ainda voltaria, já que me ama.

Você me disse, uma vez.
Chapeuzinho, menininha,
O lobo mau vai te devorar
Se andar por ai sozinha.

Você me disse, outra vez,
Lobo, eu não tenho medo,
Se agora eu estou tremendo...
Sua voz subiu dentro da minha boca.

Não me deixou falar.
Não me deixou correr.

Eu não quis te escutar,
Pois não queria te perder.

Eu amo uma fera.
Sou uma fera que ama.
Você não vai me perder...
Fica quieta, fecha os lábios,
Que esse lobo vai...
Que você vai...

Me entender.

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