terça-feira, 15 de abril de 2008

Mia Connie - Livro Parte I

15 de Abril, 2008

Danem-se as frases meu querido diário, baboseira de patricinha que não tem mais o que fazer além de falar da própria vida. A psicóloga do colégio falou que eu devia me abrir, então depois de mandar ela se foder eu aceitei a sugestão da minha tão preocupada mãe e comecei um diário. Algum motivo do tipo eu não saber lidar com pessoas, mas o papel não encontraria problemas comigo.
Mia Connie, lembre-se desse nome papel estúpido por que ele é tudo que você tem e se eu quiser te corto em mil por estar cansada da sua companhia muda. E não adianta pensar no significado da vida na terra ou da sua existência, na verdade o único motivo de qualquer coisa existir é por que alguém fez uma besteira muito grande algum tempo atrás, por exemplo, quando em fevereiro eu quebrei o nariz da Anna.
Sim, ela merecia mais que isso, mas como eu sou a única a pensar dessa forma fui enviada para diretoria, que depois me mandou para casa e por fim para uma psicóloga idiota que não serve pra nada além de inovar meu vocabulário de palavrões. Depois de dois meses me orgulho de dizer que já xinguei ela em três línguas diferentes e ela ainda não entendeu que até meu peixinho dourado me daria conselhos melhores, não que eu tenha um.
15 de abril, um dia qualquer também conhecido como terça feira, onde olhar pela janela é uma tortura brilhante e ficar num quarto escuro é a melhor coisa que posso pensar em fazer, ao invés disso aqui estou eu sentada no banco de uma praça assistindo um bando de pessoas andarem como cardumes de um lado para o outro vivendo suas vidas e a sensação que eu tenho é de que se eu for nadar com eles, vai ser contra a correnteza. E o motivo é simples, eu sou a aluna da primeira carteira da fileira mais próxima da porta, não por que eu gosto de sorrir para o professor esperando nota, mas por que eu gosto de estar o mais próximo possível da rota de fuga!
Já são quase seis horas e eu não estou com vontade de voltar pra casa, apesar de ter certeza que vão me perturbar por causa disso mais tarde. Não que eu goste de ficar na rua até tarde, mas a idéia de entrar num ônibus lotado onde metade dos caras vão tentar me relar e a outra metade vai estar tão agradável quanto uma sessão de tortura ao olfato não é exatamente minha visão de: boa idéia! Mas se é isso que é preciso pra se locomover de A até C, que seja.

Mesmo dia, ponto de ônibus.
Uma rápida observação sobre pontos de ônibus, quando você está esperando o ônibus X, o único que vai passar é o Y, mas quando você quiser o Y prepare-se para ver o X passar repetidamente esfregando na sua cara que a sorte e a sina estão contra você agora e sempre. Outra observação pertinente é que você só vai ver alguém interessante num ponto de ônibus se você estiver dentro do dito cujo e a pessoa não for pegar o mesmo ônibus que você! Ou seja: ninguém nunca encontra pessoas interessantes no transporte coletivo, lide com isso.

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