sábado, 31 de janeiro de 2009

Casa e Familia (Final)

12
Já passava da meia noite, ela sabia por causa da posição da lua no céu quando Aku partira, não se virou, ficou ali parada como se esperasse algo acontecer para saber se tinha vontade de fazer uma coisa ou outra. Ele a convencera a tentar algo diferente, argumento que eles humanos eram tão idiotas, não era preciso sair por aí matando, era só engolir o mal de dentro deles. Foi assim que Louhi soube que podia ajudar Tapio, foi assim que soube que Aku podia ajudá-la. Nunca seria humana, mas estaria bem menos longe disso. Aku por algum motivo, não parecia bom nem mau, apenas... Aku.
-Não é a primeira vez que você me faz sentir um inútil... – Tapio murmurou paralisado, não sabia se estava feliz ou simplesmente deprimido em visão de sua inaptidão. – Mas você e Aku foram dois golpes seguidos.
-Eu já falei Tapio, você não é fraco... – ela não se virou para ele.
-Só não sou um monstro. – ele riu de si mesmo – Por que você nunca me contou?
-Eu contei, você só não entendeu. – uma brisa suave batia pela floresta, aparentemente ninguém lembrava de Ukko, não fazia sentido, não podiam fazer mais nada pelo velho mestre. – Seu trabalho é me matar. Lembra?
-Não vai acontecer. – ele falou colocando as mãos no bolso. – Estava pensando em me aposentar...
-Tão cedo? O que vai fazer...? – ele queria que ela virasse, mas ela continuava olhando para onde Aku tinha partido.
-Me redimir... – ele falou sorrindo dando um passo a frente. – Se eu conseguir... Louhi...
-Se redimir do que?
-Olhe pra mim...
-Eu não quero.
-Por favor...
-Não...
Ele preferia que ela virasse, mas o como não importava desde que pudesse olhar para ela, a girou pelos ombros a fazendo ficar de frente para ele. Era a primeira vez que via o rosto dela tão triste, os olhos cinzas como pedras frias e os lábios semi abertos numa respiração fraca, ainda vermelhos de sangue. Ela olhou para o chão, não podia mover os olhos dela como fizera com o corpo, mas tinha que fazê-la olhar em seus olhos. Puxou-a um pouco mais perto, sentindo a pele dela fria sob suas mãos.
-Eu queria tentar me redimir... Eu queria olhar pra você do mesmo jeito que olhei pela primeira vez que te vi...
-A primeira vez que você me viu você virou o rosto e continuou seguindo a Lahja.
-Não. Aquela foi a segunda. – Tapio admitiu sorrindo. – Louhi, eu quero que você olhe nos meus olhos e veja o que eu vi daquela vez...
-Uma coisa?
-Não.
-Animal?
-Não! Louhi...- ela a chacoalhou de leve. – Eu...
-Eu não sou o que você achava que eu era, Tapio. Não importa o que você viu da primeira vez...
-Importa o que eu vejo agora... – ele falou a puxando e a abraçando – Louhi... Você...
-Não sou humana, eu sei que eu pareço agora... Mas não sou. – ela o empurrou. – Não se iluda...
-Eu não estou me iludindo. – ele falou a segurando antes que saísse andando sozinha pela milésima vez. – Eu sei que você não é humana... E eu sei que por anos tudo que eu pude pensar era que devia matar todo demônios que existisse... Mas eu não sou o garotinho que você viu pela primeira vez também, Louhi.
-Me solta...
-Eu não vou deixar você ir se esconder de novo... Cada ano, você mudava, mas eu também... Aquela raposa em Sirpa, Emma e o mordomo dela... Você. Não importa o que vocês são eu não os mataria. – Tapio engoliu em seco – Confia em mim.
-Não nos mataria porque você não ia conseguir, fracote... – ela deu risada, ele sentiu como se o peso de toda floresta tivesse sumido. – Por que você não desiste de mim?
-Eu sou seu guardião. E é isso que eu sempre vou ser, Louhi. – ele falou sorrindo.
-Claro...
Ambos saíram andando, como sempre andavam, um alguns passos de distância do outro, mas por algum motivo pareciam mais próximos. Os passos combinavam e olhavam na mesma direção enquanto caminhavam, na direção do que por muito tempo foi a casa deles. Um lugar pequeno no meio do nada, para evitar perguntas e curiosos, pequeno o bastante para não se afastarem um do outro. Controle, tudo que Ukko ensinou para ela, a entrega de Aku, tudo fora pensando naquele dia. Controlar a si mesma e não deixar nada a controlar.
-Louhi, Aku....
-É um vampiro. – ela respondeu antes de vir a pergunta – Ukko o prendeu quando era jovem e o usou de arma desde então...
-Eu notei, mas...
-O que?
-Qual exatamente é a ligação entre vocês?
-O que?! – ela deu risada.
-Eu ouvi vocês... Você não está apaixonada por ele, está?
-Não. – ela respondeu simplesmente encolhendo os ombros.
-Você respondeu muito rápido...
-Qual o problema?
-Eu tenho que cuidar de você! Um vampiro não é uma companhia saudável! – e realmente, não era.
-Você se preocupa demais...
-Não, você que se preocupa de menos.
-Tapio. – Louhi chamou parando de andar. – Não se preocupe, eu não tenho nenhum interesse em vampiros.
-Está bem...
-Eles são muito gelados. – Louhi falou continuando a andar – Talvez um lobisomen ou algo assim.
-O que?! Você está brincando né? – Tapio saiu correndo atrás dela que começou a gargalhar – Isso não tem graça, Louhi...
-Você não devia parar de se preocupar com essas coisas e me ajudar a achar o que sobrou do mestre, Ukko? Se é que sobrou alguma coisa... – ela comentou olhando para os lados.
-Louhi...
-O que?
-Não é nada, vamos pra casa. – ele falou sorrindo.

Um comentário:

Ceci disse...

aaaaaaahh que legal vc!Deixou meus dois preferidos sobreviverem hehehehe

Acho que esse clima de descontração do final,foi a junção de tds os outro sfragmentos que apareciam durante a história toda mas que por algum motivo não saim completos..consegui ver 2 crianças se divertindo,voltando pra casa nesse finalzinho =)

VAMPIROOOS!*-* Aku era um vampiro.. =} isso tbm me pareceu bem interessante pra uma história desse tipo.Essa coisa de desvendar tdo no final (nessa historia ficou mais claro isso) foi mto a cara dessa historia.Combinou mto aind amais pelo cenario,pelos personagens e a situação em que se encontravam.

Acho que essa poderia ter continuação com outros mestres né? *ta,pareeei hehehehe*

Mais uma história,mais emoções que vieram e ficaram aqui,mais aprendizado (é,suas histórias ensinam tbm viu?),mais saudade pq acabou e mais espera por uma nova!hahahaha To abusando já né?Mas enfim,parabéns Mo,continue sempre com este estilo de escrita,com essas descrições ricas em detalhes que fazem toda a diferença SIM ;D

bjãoo
;*