sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Elo

6
-Louhi, quanto tempo você vai levar pra quebrar essa barreira? – Ukko perguntou com um relógio em punho, mais de meia hora havia passado.
-Se você ficar quieto menos tempo! – ela gritou de volta.
Aku se tornara uma espada, uma espada maciça e pesada que com o passar do tempo ficava ainda mais pesada, só podia usar Aku e sua tarefa não era nada simples. Ela nunca vira nenhum alvo quebrar uma barreira que Tapio fizera, apesar de saber que era possível por Ukko já tê-la quebrado, parecia que estava tentando empurrar uma montanha, inútil e frustrante. O enorme simbolo triangular brilhava na sua cara, alguns metros depois dele estava Tapio numa pose concentrada com as mãos para frente como quem empurra de volta, faíscas saíam de onde Aku tocava no simbolo.
-Tapio, quando tempo você acha que consegue segurar?
-Mais do que ela consegue empurrar, mestre. – Tapio respondeu sem desviar os olhos, naqueles momentos Tapio lembrava de que pelo menos em algumas coisas era melhor que Louhi, mas nunca parecia feliz com isso.
-Como eu pensei... – Ukko resmungou.
-CALEM A BOCA!
O problema não foi ela gritar, Tapio se assustou quando ela puxou a espada para trás e acertou de uma vez a barreira, não foi uma faísca, foi uma explosão e depois disso ela vôou para trás. Não viu muita coisa por um tempo, Louhi logo entendeu que fora uma má idéia, depois voltou o bailar das copas das árvores, o som bonito do vento e o toque gentil por cima de suas ataduras, as calças e blusas sumiram dando lugar a tradicional saia com blusinha, levou a mão até a coisa que causara a explosão, mas não havia nada no prendedor.
-Aku? – murmurou tateando ao redor, se sentou procurando com os olhos ainda meio vacilantes diante da luz. – Tapio você viu aonde...? – não havia ninguém ao redor, apenas árvores.
-Você quer me matar?
-Ahn? – quando virou para trás viu um homem esguio, tinha correntes saindo de seus brincos e se prendendo em algum lugar atrás de sua cabeça, provavelmente em algo que prendia seus enormes cabelos negros. –Não... Que eu saiba, não.
-Nunca mais me jogue daquele jeito em uma barreira. – ele se agachou perto dela, usava uma coleira no pescoço com espinhos, um terno estranho e comprido e haviam correntes aqui e acolá, penduradas saindo de bolsos e em suas calças fazendo curvas sobre suas pernas. – Eu poderia ter morrido.
-Aku?
-Não, o coelho da páscoa. – o homem respondeu torcendo os lábios numa careta, seus olhos eram avermelhados e pareciam ainda mais com os cabelos negros que escapavam para frente de seu rosto.
-Eu devo ter batido a cabeça... – Louhi falou tateando a própria nuca, sentia uma dor leve e algo puxando sua mente pra fora do corpo.
-Eu bato ela de novo se você não me levar a sério! – ele falou a puxando pelos braços, nunca achou que alguém podia fazer isso tão fácil com ela.
-Eu gostava mais de você quando você era um pedaço de metal mudo. – ela comentou, sabia bem o que ele era, mas preferia ignorar.
-Isso é problema seu. – ele falou a levantando, incrivel como conseguia fazer aquilo sendo tão magro. – Que tal aprender a me usar direito?
-Não, obrigada. – aqueles olhos vermelhos a incomodavam.
-Escuta, você também não é meu tipo, mas você é minha dona. Então é melhor nós chegarmos a algum tipo de acordo de mútuo benefício ou vamos matar um ao outro.
Aquilo era verdade, muitas vezes ela ficava exausta e com vontade de dormir pra sempre depois de usar Aku, e mais de uma vez Tapio a mandou ter cuidado ou quebraria o cilindro em dois e não teria conserto. Estendeu a mão para um aperto de temos um acordo, mas tudo que Aku fez foi lhe dar as costas e fazer um sinal com a mão para que o seguisse, que ela relutantemente obedeceu. Aquele lugar parecia muito com a floresta perto da casa de Ukko, mas era mais silêncioso e tranquilo.
-Aonde você está me levando...? – ela perguntou depois de algum tempo.
-Eu preciso de um círculo, estou a levando para um. – ele respondeu.
-Círculo?
-Os selos mais poderosos são feitos sobre bases circulares, como as contas nos pulsos e pescoço de seu amigo... Assim como elos, são formados através de circulos unidos. Selos são a ligação entre a energia e o material. Círculos, elos.
-E pra que nós precisamos de um elo? – ela perguntou ao chegar numa clareira com um circulo de pedras.
-Eu preciso de uma ligação mais forte com você. – ela começou a achar aquilo uma má idéia, Aku parecia um daqueles caras sinistros que moram em mansões empoeiradas e fazem altares obssessivos. – Assim você vai poder me ouvir fora daqui...
-Ouvir não quer dizer que eu vou fazer o que você fala, o Ukko tenta isso há anos.
-É, mas no meu caso você vai sentir bem mais dor se não me ouvir. – ele se virou com um sorriso maldoso – Sabe, eu só a acho aceitávelmente atraente quando você faz aquelas caretas de dor.
-Que encantador... – ela resmungou se aproximando do círculo.
-É, são um dos poucos momentos que você parece humana. Em todos os outros, você realmente não é meu tipo...
Ela não fazia idéia do que ele estava fazendo e nem queria perguntar, o viu marcar com um pedaço solto de corrente todas as pedras, alguns selos ela reconhecia, outros era como linguagem morta, provavelmente ninguém iria conhecer. Ficou esperando sentada no centro, mas o tempo se arrastava, acabou dormindo deitada no chão, com sorte iria acordar perto de pessoas menos anormais que Aku, que sequer uma pessoa era. Mas isso não aconteceu, acordou ao ouvir um clique e sentir algo gelado em seu pulso direito, levantou o braço ainda deitada fazendo tilintar a corrente presa ao seu pulso.
-Desculpe, a acordei? – Aku perguntou a puxando para ficar de pé pela corrente que estava presa no braço esquerdo dele.
-Eu não sou muito chegada nessas coisas... – Louhi comentou balançado a corrente com um chacoalhar do braço.
-A partir de hoje é. – ele falou a puxando mais para perto. – Me dê sua mão.
-Qual delas?
-A da corrente, claro.
-Aí... – ela resmungou quando ele a cortou com um tipo de adaga que veio não se sabe da onde, depois cortou a própria mão. – Que é isso, um pacto?
-Quase. – ele falou apertando a mão dela com a sua, ardia e incomodava um pouco. – Você nunca vai me usar direito enquanto eu não for parte de você... E você parte de mim.
-Conheço essa história.
Depois de um tempo os cortes pararam de sangrar, sentia um frio metálico estranho se alastrando por sua mão, depois o braço, sentiu um pouco de frio por um tempo e Aku a puxou para perto a abraçando. Ele sussurrou algo no ouvido dela, mas ela não entendeu bem, só ouviu o tilintar das correntes enquanto caía nos braços dele que sorria, os olhos vermelhos brilhando. Sentiu vontade de estripá-lo por algum motivo, algo a irritou enquanto era colocada no chão com mãos tão leves, era como se ele não tivesse o direito de ter mãos leves ou sorrir.
-Chame meu nome... – ele murmurou aproximando o rosto do dela, aproximou os lábios como se quisesse engolir a palavra.
-Aku...
-Boa garota. Agora só falta nos reconhecer...
-Louhi! – aquela voz era diferente, mais gentil e morna. Aquelas mãos também, conhecia aquele toque. – Louhi...
-Saí de cima eu não consigo respirar. – Louhi mandou empurrando Tapio com os braços, ouviu o tilintar, olhou estranhamente para a corrente no seu braço direito presa no pulso.
-Quando você saiu voando, Aku virou uma corrente e a manteve presa numa árvore. Ainda bem, ou teria ido parar sabe-se lá aonde... – Tapio falou a ajudando a levantar.
-Eu quebrei a barreira?
-Não. – Ukko falou acertando a cabeça dela com a bengala – E foi algo muito idiota, você sabe que a colisão rápida entre Aku e esse tipo de barreiras podia destruí-lo!
-Já ouvi isso antes... – Louhi comentou puxando a corrente, o cilindro estava preso à ponta, o puxou o guardando na coxa. – Acabamos por hoje?
-Tapio sim. – Ukko falou olhando feio – Você vai ter que transformar Aku em 100 armas diferentes antes de voltar para casa. Não seja tão irresponsável, Louhi. Controle deve ser a base de tudo que você faz!
-100 armas ou 100 objetos que podem ser usados para matar?
-Armas!
-Só pra confirmar.
Tapio se afastou com Ukko enquanto ela puxava o cilindro, em poucos segundos ele virou uma adaga, espada, manopla, clave, mangual e lança. Quando o jovem olhou para trás tudo que via eram armas se transformando muito mais rápido do que podia lembrar que Louhi as criava, Ukko andava sorrindo aparentemente muito feliz consigo mesmo. Mais tarde ficaria sabendo que finalmente Aku podia ser considerada a arma de Louhi, mas por enquanto só estava surpreso. Não podia reconhecer naquele momento, mas o sorriso de Ukko, também tinha um ar de preocupação.
-Nada mal. – Louhi ouviu a voz fria dentro de sua cabeça. – Como você se sente?
-Meu pulso dói, sua voz irrita meus ouvidos e meus olhos ainda estão ardendo por algum motivo. Fora isso me sinto ótima.
-Só não vá se apaixonar por mim, já disse que não é meu tipo.
-Não precisa se preocupar, Aku. Minha única intenção é usá-lo como um objeto.
-Ótimo, pois eu só pretendo drenar sua vida, até você não aguentar mais. – ele respondeu aparentemente feliz. – Nós vamos acabar chegando a um acordo...
-Por que uma corrente?
-Eu gosto de correntes. – ele respondeu. – Tenho uma para cada selo que me formou. E além disso, vai me impedir de sair voando quando te acertarem, sua desastrada.
-Pode ser útil... – ela comentou deixando o revolver cair e o puxando de volta pela corrente.
-Quantas faltam?
-67... Você não gosta de correntes de verdade...
-Fácil. – ele pareceu rir – Você não aguentaria o que eu gosto ou desgosto.
Mesmo depois de acabada a tarefa não fez o caminho de volta, Louhi sentia um arrepio frio subindo sua coluna, a corrente pesando em seu puso, ligada à Aku preso no suporte em sua perna. O vento não a acalentava, podia sentir os dedos finos dele entre os seus, o toque leve e gélido como um anjo da morte a puxando para onde a luz da lua não bate mais. Era estranho, geralmente aquele tipo de tarefa a exauria, mas agora se sentia examente como quando começara, completa.
-Algo a incomoda, mestra? – Aku perguntou em tom de escárnio e zombaria.
-Por que eu não estou cansada?
-Agora somos parte um do outro, algo tão fútil e infantil não me cansaria. Agora eu posso ir bem mais fundo...
-Fundo?
-Antes eu retirava energia da superficie, por isso você ficava cansada tão rápido. Agora eu posso retirar energia de lugares mais profundos dentro de você, energia que você não usa.
-Está frio...
-Você vai se acostumar. Em breve...
-Você não gosta de correntes de verdade, você só está preso. Um selo para cada corrente, ou uma corrente para cada selo...
-Então você já entendeu?
-Queria saber como conseguiram trancar você nessa barrinha de metal.
-Foi lento e doloroso.
-Eu imagino.
-Imagina?
-Do ponto de vista da barra. – ela respondeu com um breve sorriso sem emoção. – Aku...
-Calma. Em breve, mestra...

Um comentário:

Ceci disse...

Opa epa epa!Antes que eu me esqueça...que história de corrente é essa?hauahuahauaha o.O" Vc a descreveu igualzinho a que comprou no evento =X

Mas entao,vamos nos ate a historia!
Essa Louhi ta q ta hein?So apronta poxa hauehauha
Na verdade acho q por ela ser durona é meio q obvio q queira ser ou aparente pelo menos,ser inquebravel ou algo do tipo.
Acho q o Aku foi esperto com esse acordo...quem sabe agora ela tome mais cuidado com o pobre coitado?

Percebo que aos pouquinhos Louhi vai aprendendo ou sendo forçada aprender coisas essenciais para seu desenvolvimento...quero so ver onde vai dar ;D

Agora vou ler o poema q me aguarda desde 5a xD

bjãoo Mo!
ps:gostei viu?
;**