sábado, 22 de novembro de 2008

Alturas

3.
-Você demorou tanto pra isso...? – não era bem descrença, era mais desapontamento, Will parecia que estava entrando num estado profundo de depressão e desprezo pela escolha de Claudia.
Fora algo pensado depois de quase morrer sufocada na casa dele, toda hora tendo que cruzar com um cara rude meio vestido e dar de cara com portas que não permaneciam trancadas, ela precisava de um pouco de ar livre. Quando ainda era bem pequena seus pais a levavam até lá, ela tinha lembranças vagas do lugar, mas era divertido, disso ela lembrava. Quanto tempo que não ia a um parque de diversões? Nunca mais foi. Agora caminhava como uma garotinha feliz, seu segundo desejo, passar o dia no parque de diversões e só voltar para casa depois que não conseguir mais parar de sorrir. O que por si só era bem dificil, já que ele vivia irritando ela.
-O que você tem contra parques de diversão? – ela rebateu olhando a roda gigante de aproximar no horizonte, imaginava como seria ver a cidade dali de cima, tudo tão pequeno, uma queda tão grande.
-Eu não estou acostumado com esse tipo de desejo. – ele respondeu virando o rosto, não entendia o que tinha de tão divertido naquele lugar, mas todos pareciam felizes. – Você é mesmo uma criança, não é, anjinho?
-Para de me chamar assim!
-Não dá pra evitar, os apelidos que a Beg dá são contagiantes. – ele falou continuando a andar até a bilheteria. – Criança paga meia, não?
-Eu não sou criança... – ela resmungou entre dentes.
-Aonde você quer ir primeiro? – ele perguntou olhando ao redor.
-Montanha Russa!
-Você consegue entrar?
-Como assim?!
-Essas coisas tem limite de tamanho, não tem? – ele passou a mão por cima da cabeça dela, ela mal batia na metade do torso dele, ele era enorme e ela era baixinha.
-É CLARO QUE EU CONSIGO!
Fez questão de esfregar na cara dele como ela ficava acima da marca vermelha na regua na entrada do brinquedo, mas isso só fez ele rir da cara dela apontando um pivete que era bem maior e passou correndo. Sentou no último carro, cantarolava enquanto ele era puxado pelos trilhos, para depois soltar do fundo da garganta os gritos mais altos que conseguia, ele tapou os ouvidos, como fazia quando Beg gritava. Mas então, na maior descida, quando ela tremeu e o rosto mostrou medo de verdade, o braço dele deu a volta no ombro dela a puxando pra perto, até que o carro parou.
-Você está bem? – ela estava com o rosto baixo, não conseguia ver o rosto dela, mas ela estava tremendo – Crianças só deviam ir no carrosel.
-Que divertido! Vamos de novo! – ela levantou um rosto resplandecente entre sorriso e risada, agitava os braços como uma garotinha que brincava empolgada com alguma coisa.
-Se é o que você quer...
Ele ficou seguindo ela, de um lado para o outro, até acertou alguns objetos empilhados para ela conseguir um animal estufado com algodão que ela ficou apertando entre os braços. Parecia mesmo uma criança feliz, um anjinho, tão inocente e ignorante, uma benção num mundo como aquele. O céu começava a se colorir, laranja e amarelo no horizonte, as luzes da roda gigante acenderam e os olhos dela brilharam em resposta, as primeiras estrelas da noite.
-Vamos!
-Você já não cansou de pular de um lado pro outro?
-Mas não fomos na roda gigante ainda... – ela resmungou apertando o bicho de pelucia perto do rosto, os cabelos cacheados e os olhos mareados, lembrava daquela imagem triste dela chorando, tão lindo.
-Está bem. – ele a puxou pela mão e ela seguiu contente sorrindo, só agora tinha notado, que a mão dele fechada e cobria toda a sua. Era ela que era muito pequena ou ele que era muito grande?
-Não tem quase ninguém acho que vamos ficar sozinhos no carro... – ela falou sentando perto da janela de vidro, lá era tão espaçoso, devia caber umas oito pessoas. – Será que ela roda muito rápido?
-É uma roda gigante, não um twister... – ele retrucou insultando a inteligência dela.
-Eu sei disso!
Subia tão devagar, a escuridão não deixava ver quem estava nos outros carros, mas as luzes iluminavam os arredores e a cidade brilhavam com a chegada da noite. Ia subindo e podia ver cada vez mais, descobrir cada vez mais, mas também crescia o frio e imaginava a queda. Seus pais a levaram lá, pouco antes de irem viajar, viajar para longe, viajar para o alto e despencar das nuvens, despencar até morrerem. Se encolheu apertando o banco com as duas mãos, seus olhos se estreitaram e antes que percebesse Will a havia puxado pelos cotovelos e colocado sobre o colo.
-Idiota, por que quis vir aqui se tem medo de altura? – ele perguntou a abraçando, estava gelada.
-Eu não tenho medo... – ela teimou esperneando.
-Quer que eu te solte então? – ele perguntou com um tom maldoso e ameaçador, ela fez que não com a cabeça em gestos bruscos. – Foi o que eu pensei...
-Will...
-O que?
-Como você sabe que alguém quer algo? – ela perguntou se deixando ser abraçada, de alguma forma era como voltar ao colo do seu pai, estava segura, e ao de sua mãe, estava quente, e ao mesmo tempo a um lugar estranho, estava diferente.
-Faz parte do meu trabalho. – ele respondeu, olhando pela janela, parecia entendiado.
-Você gosta do seu trabalho?
-É só um trabalho...
-Se não gosta, por que faz?
-Eu não falei isso... – ele a encarou, os olhos brilhantes dela o lembraram de algo. – Você ainda tem um desejo. O que você deseja, Claudia?
-Por que está perguntando agora? – ela perguntou se endireitando.
-O que você deseja...? – ele insistia em a encarar.
-Eu...
-O que? Peça... – por que ele estava sussurrando? E por que ela tinha corado.
-Não sei! – ela levantou num pulo, a roda gigante tinha parado em terra firme mais uma vez e ela saiu do carrinho correndo, apertando seu bichinho de pelucia, como podia se sentir confortável em um momento e esmagada no outro? – Vamos pra casa...
-Claudia...
Ela foi parada, pelos cotovelos, como da primeira vez, e igual daquela vez sentia a respiração dele quente em seu pescoço, ou seria no seu ouvido? Aquela voz entrando pelos seus poros e se alojando dentro de sua cabeça, por que não conseguia calar? Por que não conseguia se soltar? Fechou os olhos como quem tem medo do que está por vir, um arrepio percorrendo suas costas.
-Se acalme, boba... – ele soltou os braços dela – Eu só faço o que você desejar, mestra Claudia. – do que ela tinha medo afinal? Do que ele fazia, ou do que ela podia desejar? Não sabia, não sabia, não sabia.

Um comentário:

Ceci disse...

Ahhhhhhh parke de diversoes!
3 opções:hopi,playcenter ou o famoso "playcenter d pobre" como diria mamãe xD
Mas o q importa não é o parke e sim o q se passou la...
Aposto q ate um adulto se diverte entao esse Will q fike quietinho e se divirta tbm!hunft!>.<
nao..isso nao é motivo pra se estressar com os o pobre moçoilo...deixa ele se revelar mais pra frente (se é q vai fazer isso xD),deixa ele se aproximar de um Lochan q eu começo a mostrar meu lado "furioso" de ser...

Eu queria ser essa menina...(nao na parte dos pais,loogico^^)mas sei la..(e ta,vc disse q a bobeira dela foi inspirada nessa criatura q ta escrevendo aki mas enfimm xD)ela é tao..tao..ah!so sei q simpatizei com a polly[2] xD

esse final..esse final so me faz pensar mais e mais coisas a respeito d tdo viô? =X
mas nao me atrevo a dizer...
so imagino pq isso é mtoo bom!
a arte d imaginar...*-*
alias eu sempre imagino a msm coisa no principio d tdo..so dps q isso vai tomando outras formas ou entao permanece com a msm ^^

como eu disse,adoreiii esse cap..e to ansiosa pro proximo...so ele pode me curar! =X
hauahauaahuha

bjoo
;**