domingo, 30 de novembro de 2008

Fragil

2.
Ela sabia que estava sendo seguida, não por ter qualquer bom talento natural para isso, mas porque sempre mudava de lugar a noite e aquela mulher estava em todos, o corpete vermelho e o short preto curto a fizeram prestar atenção, a castaca vermelha eram um véu em chamas de uma viuva negra. Sempre uma taça de vinho, sempre um canto afastado envolvida por todo tipo de homem a adulando, aquela mulher era perigosa, ela tinha certeza daquilo e pior, não era humana.
-Você deseja alguma coisa comigo? – Beg perguntou encarando a mulher, tinha um homem beijando os pés dela e outro fazendo massagem em seus ombros.
-Não, e você? Qual seu desejo? – a ruiva passou a pergunta, tinha um sorriso vermelho que lembrava sangue e pupilas dilatadas que lembravam buracos.
-Saber porque você está me seguindo... – Beg respondeu cruzando os braços.
-Justo. São ordens do mestre Cian, os chefes sempre têm as coisas como desejam. Muito prazer, sou Teivel. – a ruiva se apresentou, sua voz parecia um mantra de evocação de pecados. Beg desviou o olhar para os homens ao redor dela. – Intrigada?
-O que você fez com eles? – Beg perguntou, pareciam fora de si.
-É um Dom incrivel, poder realizar qualquer desejo. Já tentou realizar seus próprios?
-Isso é contra as regras! – Beg exclamou.
-E você segue todas as regras, Beg? Não me faça ir atrás de você... – Teivel se levantou, derrubou o homem agachado com um chute depois pisou em cima dele com sua bota de salto alto. – Eles não merecem desejos, na verdade. Você sabe disso... Eu só os deixo mais dóceis, isso devia facilitar seu trabalho.
-Não importa quem ou como é a pessoa, ser escravizado desse jeito...
-Beg...- Teivel falou puxando a loira pela cintura, as bocas quase se encostando enquanto ela falava, os olhos fixos nos de Beg. – Eles gostam, qualquer toque meu, doloroso ou gentil...
-Isso... – ela não conseguia pensar numa frase completa, Teveil era paralisante, sentia um formigamento se espalhando por seu corpo onde encostava no dela, sua respiração aquecia seus lábios.
-Se você quiser eu te dou um pouco também, pra consolar a perda de seu querido Soner...
Como ela sabia daquilo? Os chefes sabiam de tudo, era assim. Não teve tempo de responder, Teivel lhe deu um beijo ardente ao mesmo tempo que a abraçava e envolvia, sentiu que ia derreter ou se partir em mil pedaços, teve vontade de idolatrar aquela mulher. Quando o beijo acabou, Beg estava zonza como quem tinha sido embrigada, Teivel pegou uma taça de vinho e se afastou com um sorriso no rosto, antes de sair do bar passou por Soner que entrava.
-Toda sua... – ela sussurrou para o homem antes de desaparecer.
-Beg...
Beg o reconheceu, apesar da imagem turva, nunca se sentira tão embriagada antes, não fazia idéia do que Teivel tinha feito com ela. Estava dócil como Munya depois daquele pequeno incidente, não falava ou protestava, apenas continuava acordada de maneira estranha. Soner a levou para um quarto, a colocou na cama e foi pegar um copo de uisque do frigobar, por algum motivo seu trabalho costumava ser mais fácil, afinal nunca fora com Beg antes.
-So... ner... – ela murmurou estendendo a mão pelo lençol, o apertou com força com as unhas escarlates.
-Não há nada de errado com a sua mente, é só o seu corpo que não responde. – ele falou dando um longo gole de uísque. – Eu falei com os chefes sobre Munya, mas eles não a acharam um problema. Acharam que o real problema é você e seu irmão Beg.
-Que... – ela tentou se levantar, mas tudo que conseguiu fazer foi erguer o rosto para olhá-lo, a face rubra e os olhos quase fechados, era ao mesmo tempo provocante e doloroso.
-Sabe, não é o verdade o que nós pensamos sobre não podermos mais morrer, Beg. É só um consolo para nossa existência servil, não ter que se preocupar com a morte. – ele sentou na cama, afagou os cabelos dela. – Mestre Cian me contou, que existe um meio de morrer.
-Por que...? – nos olhos dela, era raiva ou tristeza? Amor ou pesar? Ele não entendia, tentava se concentrar em seu trabalho.
-É meu trabalho Beg, os chefes me pediram para realizar seu último desejo. – Soner falou a sentando na cama, arrumou as alças do vestido nela e acariciou seu rosto – Mas primeiro eu tenho que lhe dizer como se morre. Beg...
-Não... – ela murmurou desviando os olhos.
-É só desejar... – ele murmurou no ouvido dela.
Cian lhe avisou, com ele por perto Beg não conseguia deixar de sentir, prazer ou dor, se ele a torturasse ou qualquer outra coisa ela acabaria sentindo e cedendo. Por isso tinha que ser ele, só ele podia fazer ela desejar morrer, e como um bom empregado era isso que ele faria. Não sabia porquê, mas tentava não pensar nos motivos, só tinha que fazer seu trabalho como sempre, com o gosto dela nos lábios.
-Beg, por quebrar as regras. Comunicar a um cliente sobre sua morte, formar barreiras entre os interesses dos chefes, sua sentença é a morte. – Soner ditou, a encarou por um momento, seus olhos escuros se abriram. – Qual seu último desejo, meu amor?
-Vai... pro... inferno...
Ele baixou o rosto, sentia o ódio dela tão claramente quanto ela sentia as mãos pesadas dele em seus braços, mas então ele sentiu a mão dela em seu rosto e seus lábios em sua boca. Por que ela estava fazendo aquilo? Era um sorriso no rosto dela? Uma lágrima caiu de maneira lenta na face dela: eu te amo seu miserável. Ele ouviu, apesar dela não ter dito, podia ver seus pensamentos, enquanto ouvia o coração dela batendo. Também a amava, não podia negar aquilo.
-Beg... Eu...
-Implore... – ela murmurou.
-Eu desejo, eu imploro... – ele falou e viu ela sorrindo para ele, o verde faiscante. – Não...
-Eu desejo... – ela começou, ele queria falar algo com ela ainda em seus braços, mas os lábios dela foram mais rápidos – Morrer...
-Beg!
Ela não respondeu, era como uma boneca sendo desligada, seus olhos fecharam e a pele tão quente e convidativa ficou fria, os lábios vermelhos lhe convidaram a dar um último beijo, mas perderam seu sabor. Eu desejo, eu imploro, meu amor, não me odeie nem me deixe mais. Isso era o que ele queria dizer: por que não disse? Ouviu o barulho de um gole longo, a ruiva estava na porta com sua taça de vinho na mão, o rosto com um breve sorriso.
-Por que está sorrindo? – Soner perguntou.
-Eu não pensei que você fosse conseguir. – Teivel admitiu virando a taça depois a jogando na parede para se despedaçar. – Tão frágil, que patético.
-E agora...?
-Nada, não precisamos mais de você pode voltar a seu trabalho normal. – Teivel falou se recostando no portal, a mão deslizou até o pescoço. – Ou por acaso espera um pagamento por seus serviços? Você me deseja, Soner?
-Não. – ele respondeu pegandou Beg no colo, tão gelada. – Sabe, no começo eu cheguei a ficar apreensivo perto de você, mas a verdade Teivel é que você é digna de pena.
-Pena...? – ela estreitou o olhar.
-Você é só uma boneca oca, um brinquedo que os chefes gostam de ter por perto. Você faz o trabalho sujo e eles fingem que você é importante. – ele abraçou Beg mais perto de si, o perfume dela estava sumindo. – Igual eu.
-Você perdeu a cabeça?
-Me pergunte.
-Já vi que perdeu.
-PERGUNTE!
-Qual seu desejo, Soner? – ela perguntou desencostando da porta, quando finalmente saiu não havia apenas um cadaver no quarto. Frágeis e patéticos, esperava mais do próximo.

Um comentário:

Ceci disse...

Primeiro que a senhorita me deu um baita susto!Como assim??O chefe é um garotinho?o.O
Bem…mas isso é o de menos…a autoridade dele supera qq espanto de minha parte…
Ta,mas e dps??O coitadinho que dps se tornou um pau mandado e depois um coitadinho novamente e dps um cadaver juntamente com sua amada!Simm…ainda teve um “eu te amo” no final…caraca,assim vc quer acabar msm comigo hein Mo?
Poxa…2 cadaveres no final,uma fala mal terminada q resultou num desgosto tremendo…sabe q foi bom entao os 2 terem morrido juntos?Sri la..um acompanha o outro =S
MAS QUE FIKE BEM CLARO!NGM DEVERIA TER MORRIDO T.T
Mas ta…eu entendo q é o contexto^^
Ta otimooo Mo..triste,faz os outros chorarem,mas otimo..*-*
E rapida vc hein?ja tem outro o.O
Hahahahah

bjaoo