sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Melhor ou pior? =X

5.
Munya fazia apenas movimentos lentos com seu corpo, toda vez que virava sentia uma nova dor lhe percorrer, fechava os olhos tentando não sentir nada, mas era impossivel. Cada brisa que entrava pela janela lhe lembrava a respiração de Mac e a fazia encolher, quando encolhia voltava a sentir dor então virava, e tudo começava de novo. Sentiu uma mão pegar seus cabelos e fechou os olhos, os lábios tremendo com lágrimas caindo, alguém desmanchava suas tranças, uma mão pesada. Puxões de cabelo, como podia se enganar tanto quanto a alguém?
-.....hmn...
Não abria a boca, então só emitia sons meio animalescos vindos da garganta, mãos que a levantavam, os pulsos ainda estavam marcados, as costas, as pernas. Quanto tempo fazia? E tudo ainda doía, não conseguia parar de lembrar da foto rasgada. Mãos pesadas lhe seguravam sentada, tirando o vestido em trapos, mas ainda não abriu os olhos, estava presa dentro de suas más recordações, então sentiu algo fresco em suas costas e ombros,o que era? Seda?
-Você é mesmo estúpida... – conhecia aquela voz, saíra do transe e da dor por um segundo, abrindo os olhos encarou Will, o que ele estava fazendo ali? Estava em seu quarto.
-.... – duas lágrimas caíram, não tinha vontade sequer de chorar mais.
-Você está um caos também. – ele falou ajeitando os cabelos dela atrás dos ombros, o toque dele era pesado, mas... – Dá próxima você devia me ouvir, novata.
-Hmn.... – ela baixou o rosto, a respiração estava fraca.
-Você por acaso consegue sentir? – ele perguntou, ela simplesmente levantou a cabeça, o rosto contorcido em dor. Ele soltou um longo suspiro para o lado, será que ela não conseguia fazer nada? – Não tem jeito... Soner!
Ela ficou lá, emudecida e dolorida, olhando para Will enquanto passos vinham pelo corredor, Beg não estava lá, apenas ela, Will e Soner, seu instrutor. O homem sempre sério não estava diferente naquele momento, por que nenhum dos dois demonstrava sequer simpatia? Oras, era culpa dela ter sido idiota, não ter ouvido quem fazia aquilo há anos. Soner se aproximou e ficou olhando a garota, uma camisa de seda sobre seus ombros, as marcas de pancadas, dentes, mãos entre outros espalhadas.
-Você devia ir falar com os chefes. – Will falou encarando o homem. – Ela não serve.
-Tão cedo? – o outro perguntou, Munya sentiu um aperto.
-Ela nem viu que ele era um psicótico, é tão estupida que depois de tanto tempo continuava sem ver quanto tempo ele tinha de vida. – Will falou, não podia ser gentil nem naquela hora? A dor parecia crescente.
-Não é hora para falar assim, Will. Pessoas cometem erros. – Soner falou lançando um olhar para a menina, encolhida de olhos fechados, como quem espera outra pancada fosse de quem fosse.
-Eu já falei, ela não é como nós, não vai conseguir. Vá falar com os chefes o lugar dela não é aqui.
Por que Will parecia tão sério? Tão bravo? A única coisa normal era que ele continuava insensivel, continuava a tratando como uma debil mental, mas Soner não a defendeu como fazia normalmente justificando que ela ainda era nova naquilo, baixou o rosto e respirando fundo se virou para ir embora. Os chefes, então era aquilo? O que ia acontecer? Ser mandada embora? Não sabia o que acontecia, mas se aquele não era o lugar dela, para onde iria se não tinha outro lugar? Não queria aquilo, não queria ser aquela falha que além de não fazer nada, quando tudo dava errado nem conseguia abrir a boca. Will não teve tempo de segurá-la, Munya pulou da cama abraçando Soner antes que ele saísse pela porta, estava quase caindo, tudo doía era dificil ficar em pé.
-Munya... – Soner virou o rosto para olhar a menina que chorava.
-Sua idiota, você não serve pra esse trabalho ia acabar em situações iguais ou piores toda hora! – Will a falou segurando os braços dela, mas ela se encolheu apertando Soner. Will parou, vendo as marcas nos braços dela não teve coragem de puxá-la. – Estupida.
-Munya.... – Soner se virou segurando com cuidado ela por perto a levando de volta para a cama, a ajudou a sentar. – Não importa se você entende e aprende, se você não consegue fazer o que nós fazemos.Will está certo, talvez essa vida não seja para você.
-Escute seu instrutor. Você nunca vai ser como nós, desista... – Will deu as costas, Soner devia cuidar daquilo agora, não era mais problema dele.
-Não! – ela gritou, era a primeira vez q ele a ouvia falar depois que a viu sair correndo.
-Teimosa! – ele gritou de volta.
-Eu... – ele paralisou, Soner estava perdido, mas ele tinha paralisado, lágrimas que caíam em olhos resplandecentes. Tão linda quando chora. – Eu posso não servir pra nada, mas eu quero continuar aqui...
-Masoquista... – Will rangeu os dentes e foi na direção dela, apenas com um gesto de espantar insetos para Soner – Sai daqui, instrutor...
-O que você vai fazer?
-Sai.
Munya estremeceu, Soner parecia ao mesmo tempo preocupado e aliviado de deixar o quarto, ninguém sabia o que Will iria fazer, exceto ele mesmo. Quando a porta fechou Munya ouviu o barulho da tranca, suas lágrimas secaram na antecipação, seu corpo ainda doía e Will não sorria mais, apenas aqueles olhos escuros maldosos, apenas aquele jeito de demônio em corpo de homem. O assistiu começar a abrir a camisa e algo dentro de si encolheu.
-O que...
-Cala a boca... – ele mandou sério jogando a camisa para o lado. – Não foi você que disse? Masoquista idiota, mesmo não servindo pra nada quer continuar aqui? Você sabe o que isso quer dizer?
-Eu não sou... – ela falou se escolhendo ele a empurrou deitada com um gesto rapido e ela fez uma careta sentindo dor nas costas. – Masoquista. Para!
-Não. – ele falou a segurando deitada. – Se você ficar aqui, do jeito que você é vai ser sempre assim... Você é tão fraca e estupida, que vai ser sempre assim.
-Will... – ela falou tentando empurrar ele, mas ele segurou os braços dela acima da cabeça.
-Sabe o que quer dizer? Que você vai ser sempre um brinquedinho, vão fazer o que bem quiserem com você e do mesmo jeito que eu estou fazendo agora...- cada palavra tinha uma pausa, cada palavra era intercalada com uma mordida que ele fazia questão de dar onde já estava marcado, as caretas de dor dela ou o corpo que encolhia não pareciam querer dizer nada. – Você só vai perceber quando é tarde demais e não vai poder fazer nada.
-Para, por favor... – ela pediu chorando, mãos pesadas, seu corpo doía.
-Parar? Você acha que aquele cara ia parar só porque você está chorando?
-Mas você não é ele!
-Não. – Will concordou mordendo a boca dela que soltou um grito surdo. – Está entendendo agora? Pare de ser teimosa...
-Não... – ela falou fechando a boca, os olhos cheio de lágrimas que não desciam.
-Eu não vou parar até você mudar de idéia, idiota... – ele falou e ela soltou um grito, o barulho de tecido rasgando pela segunda vez a fez tremer inteira.
-Will!
Soner estava de pé no meio do corredor, tomava com goles lentos um copo de uísque enquanto olhava para um ponto fixo na parede, assistiu Beg subir as escadas correndo, ela provavelmente ouvira os gritos de longe, ele teria ouvido. Segurou a mulher loira pelo braço, a manteve abraçada como quem tenta prender e ser consolado ao mesmo tempo, mas ela se debateu.
-O que está acontecendo? É a Munya gritando?! – Beg perguntou aos berros.
-Era... – Soner falou, os gritos não eram continuos, vinham e voltavam, intercalados com gemidos e outros sons. Will era muito frio.
-O que está acontecendo aqui?!
-Will está com ela. Ele a salvou de um estuprador homicida e falou para eu dizer para os chefes que ela não servia, mas ela não quis...
-E ele está tentando convencer ela assim? MALDITO! – Beg falou como quem vai invadir o quarto, mas Soner a segurou. – O que você está fazendo? ME SOLTA! ISSO É ERRADO, SONER!
-Eu sei. – ele falou deixando o copo cair e se quebrar. – Mas veja como Will, se ela ficasse aquilo podia acontecer de novo, e de novo, e talvez coisa pior... Eu acho que ele gosta dela, por isso quer que ela suma.
-Gosta dela? Aquele sádico vai deixar ela em pedaços! – Beg falou tentando se soltar.
-Essa não é a intenção dele, Beg.
-Você é SURDO? – Ela perguntou ao mesmo tempo em que outro grito ecoou. – MUNYA!
-Ela não vai te ouvir...
-ME SOLTA!
-Não posso...
-Como vocês podem fazer isso com ela?! – Beg perguntou tremendo.
-Eu não posso, por isso eu estou aqui. – Soner falou a abraçando junto ao peito, só agora ela notou que ele também estava tremendo. – Se você for lá agora, vai ser pior, Beg.
-Ela é só uma criança, Soner... – Beg murmurou sentindo a mão dele tocar uma marca em suas costas.
-Você também era...
Por algum motivo, lá dentro ela já tinha dado seu último grito, o corpo já estava tão quente e dormente que não sentia mais dor nenhuma, nem os dentes dele, nem seu toque pesado, nada. Ele nem precisava mais segurar ela, com os braços estirados, unhas cravadas no lençol, ela não conseguia chutar, empurrar ou qualquer outra coisa, o rosto rubro e os olhos perdidos. Calor. Já sentira aquele calor, antes, os lábios dele no seu pescoço, diferente das mãos ele tinha o beijo leve.
-Desiste?
-Não... – ela respondeu encolhendo os braços, conseguiu segurar o rosto dele, olhos negro como abismos, pensava se era possivel suicidar neles.
-Você é mesmo masoquista, não é? Criança idiota... – ele murmurou contrariado, será que ela não podia simplesmente jogar a toalha.
-E você é um sádico maldito... – ela respondeu sorrindo.
-Por que você está sorrindo? – ele perguntou olhando feio.
-Não dói mais. – ela falou dando risada ao mesmo tempo que chorava. – Eu não sinto mais nada, só calor...
-Nada é? – ela soltou um gemido sob o toque e dentes dele. – Estou ouvindo o nada. Desiste que você se livra...
-Não, azar o seu criança idiota... Não vai se livrar de mim. – ela falou dando risada até sentir ele lhe morder de novo, mordeu os lábios.
-Achei que você queria se livrar de mim... – ele falou.
-Eu não ligo se você me machucar ou me fizer chorar, Will. Mas eu não vou a lugar nenhum... – por que ela continuava sorrindo?
-Para com isso....
-O que?
-Sorrir... Para... – ele falou com os olhos encolhidos.
-Tenta me fazer parar. – ele também sorriu dessa vez.

Um comentário:

Unknown disse...

Ahhhhhhhhhhhhh que misto de ódio,curiosidade e uma coisa estranha!o.O
Mo,como pode uma criatura reunir tantas caracteristicas q me fazem ter isso d uma vez?Meww ele a trata como c fosse uma coisa,um brinkedinho como ele msm diz >.<
Ta,ele quer q ela desista,mas poooo tinha q ser dessa forma?a menina ja tava traumatizada e ele ainda faz isso...mas ta,momento revolta a parte,digamos que isso (essa cena forte) deu abertura a outra coisa...algo q me instigou a querer saber mais e mais!Sorriso?Nesse momento?Como assim?Pq isso?Tantas perguntas sem nenhuma resposta momentanea,ai pra piorar vem o sorriso do Will!o.O Tipo,o cara mal sorria (so demoniacamente) e do nada,no meio de um "atake pensado" ele sorri por ver ela sorrir?É,pode ter uma resposta boba pra isso mas não deixa d ser curioso...sera q ele lembrou da Claudia?Ou começaria a ter delírios da imagem de Claudia?Viageeeem ne?hauehauahau sei la,so sei q quero saber logo o q acontece no proximo pq se nao eu piroo @.@

ai tadinha da Munya...tadinha?q nada!assim ela aprende a ser forte ;D
*calma,nao to numa mutaçao nao...somente pensei com dois cerebros e parece q um da pra reconhecer...é bem essa a imagem q nos passa esse capitulo*

parabens mo!
bjoo