domingo, 30 de novembro de 2008

Tchau...

6.
A casa estava silenciosa, era possivel ouvir uma agulha caindo, mas nem agulhas caiam por ali. Beg não dormira a noite toda, transtornada e preocupada ficava ali, recostada ao ombro de Soner procurando algum consolo. Soner não dizia nada, ambos sentados no sofá, ele olhava um ponto fixo na parede enquanto fazia carinho nos cabelos dela, a noite inteira passou sem nenhum dos dois conseguir descansar. O silêncio só foi quebrado pelos notórios passos de Will, eles não se viraram, esperaram o outro chegar se servindo de vinho de maneira casual e despreocupada.
-Caras horriveis. O que fizeram a noite toda? Obviamente não dormiram...
-Ela... está bem? – Beg perguntou dando aos próprios labios um batom natural: vermelho mordida. Naquele momento queria torcer a cabeça de Will. –Will?
-Ser idiota é incompetente é estar bem? – ele perguntou sarcastico. – Ela não é como nós e nunca vai ser, isso já está resolvido...
-Vou falar com os chefes.
-Não precisa.
Soner ficou paralisado depois de se levantar e dar a volta, a imagem na sua frente que o olhava debaixo o surpreendeu, tranças bem feitas e vestido de renda, mas não era bem aquilo o surpreendente. Munya sorria, a voz animada fez Beg se virar para tentar entender o que estava acontecendo, a garota parecia radiante apesar das marcas ainda perdurarem em seu corpo, sorria de maneira energética e calorosa.
-Munya, você realmente não...
-Não ligo. – ela falou sentindo a mão dele tocar sua cabeça como se fosse um bichinho que ele amansa – Eu só quero continuar aqui...
-Fazendo o que, anjo? Se você não pode trabalhar... – Beg falou indo na direção dela, tinha o rosto tão perdido.
-Ela vai ficar de mascote é claro, é a única coisa que ela conseguiria fazer. – Will falou de maneira ácida bebendo seu vinho.
-Will!
-Eu vou fazer o que puder. – Munya falou mexendo em uma de suas tranças – Só me deixem ficar, por favor...
-Ainda assim eu tenho que reportar aos chefes. – Soner falou virando o rosto.
-O que? Que ela virou um animal doméstico? Eu faço isso depois... – Will falou fazendo uma veia de irritação saltar em Munya.
-Não é tão simples, você sabe que quando dá errado os chefes mandam a pessoa de volta.
-Já falei que eu falo com eles depois. – Will falou colocando a garrafa de vinho de lado, tinha algo nos olhos dele. -–Agora se vocês me dão licença, venha Munya vamos dar uma volta.
-Por que? – Munya perguntou sendo arrastada pelo braço.
-Você é muito lerda, agora que eles sabem que eu não te matei, ele provavelmente vai voltar a brincar com a minha irmã.
-Brincar... – Munya repetiu a palavra engolindo em seco, ele levantou o rosto dela com o indicador. – O que?
-É, que nem a gente brincou.- ele falou dando um sorriso maldoso que fez o rosto dela arder rubro.
-IDIOTA!
Beg não sabia se ficava aliviada ou preocupada, nunca aquilo tinha acontecido antes. Era óbvio que ela nunca ia ser como eles, então por que continuar ali? A pessoa sempre sumia, era mandada de volta para onde veio, mas daquela vez seria diferente? Por que? Aquilo era uma afronta aos chefes ou simplesmente mudança, de qualquer jeito ela não sabia o que sentir. Soner continuava sério, analisava a paisagem da casa silenciosa como quem busca algo.
-Acho que podemos relaxar pelo menos um pouco. – Beg falou segurando a mão dele.
-Relaxar?
-Se Will disse que vai cuidar disso, então você não precisa mais se preocupar.
-Pra quem estava berrando e se debatendo ontem, você parece confiar muito nele agora.
-Soner... – Beg murmurou sentindo o toque pesado dele no seu rosto. – Eu só não quero pensar em nada agora... – ela falou o puxando para perto.
-Beg, pare com isso... – ele falou segurando as mãos dela.
-Por que? Você não pode relaxar por um segundo e aproveitar o tempo comigo?
-Não, quando meu trabalho é...
-Soner.. – ela falou o puxando e calando a boca dele – Você já acabou comigo com seu trabalho uma vez, não faça isso de novo. – ela pediu.
-Eu sinto muito, amor... – ele falou dando um beijo de leve na testa dela – Mas...
-Trabalho vem primeiro. – ela já sabia o que ele ia dizer, o empurrou e virou as costas. Foi até a porta e a abriu, o olhando de longe ele sentiu que ela ia chorar, mas não Beg. – Vai embora.
-Beg...
-Eu não quero ouvir, só vai. – Beg falou segurando a porta. – Eu nunca vou ser sua prioridade de qualquer jeito e se você ficar ou o Will ou eu te mato.
-Não faz isso. – ele pediu encostando a testa na dela – Quando eu estou com você...
-É ótimo. – ela falou sorrindo, depois deu uma leve risada – Mas você quase nunca está. Sem ressentimentos, só vá embora.
-Vai acabar assim?
-Vai. – ela falou dando um beijo de despedida nele – Vai fazer seu trabalho...
-E o que você vai fazer?
-O que eu quiser. – ela respondeu com um sorriso, esperou ele sair para bater a porta e se encolher no chão. Todo resto ela não sentia, mas ele, ele doía. Chegava a ser ridiculo, Munya devia estar com dores terriveis no corpo inteiro e sorria, praticamente uma criança, e ela daquele tamanho se encolhendo por causa daquilo. – O Will mentiu... Nós podemos morrer... – ela murmurou.
Se arrastou pela casa como um moribundo se arrasta da vida para a morte, achou silencio em seu quarto, com sua maquiagem forte e vestidos justos, colocou salto alto e se equilibrou tanto quanto podia no topo de sua existência. Quem precisa de um coração, quando um coração pode doer tanto? Jogando os cabelos andava pelas ruas, perdida nas multidões, a escuridão dos becos, os bares pobres, olhares lascivos e mentes podres.
-Ei, amorzinho... – não importava de quem era a voz.
-Qual seu desejo, amorzinho?
-Você...
-Pode pegar...
Não era nada pessoal, não era nenhum prazer e nenhuma dor, não era nada além de seu trabalho. Lembrou do sorriso de Munya, nunca ia sorrir daquele jeito, não, seu sorriso era uma provocação maquiada. Os olhos frios de Will, queria ser mais como ele, conseguir fazer as coisas sem pensar duas vezes e sem arrependimentos. Queria ser mais como Soner, conseguir pensar primeiro em seu trabalho, assim o resto importava menos, não doía tanto. Os cabelos loiros puxados para trás, naúsea de toque e saliva, ela também já foi uma criança, mas agora aquilo era passado. Amor era uma ilusão para alguém como ela.
-É assim que você gosta?
-É... – claro que não.
Aqueles sobre a morte, realizam os desejos dos que estão prestes a morrer, podem trabalhar com pessoas boas ou ruins, decidem através de julgamento próprio quantos desejos realizar. Beg nunca realizou mais que um desejo por pessoa. Esperam a pessoa que recebeu o desejo morrer antes de escolher outra pessoa, eles não são humanos, pois não vivem nem morrem. Apenas trabalho, numa vida que não é uma vida, recebendo ordens dos chefes, algo incompreensivel normalmente.
-Beg? – era Munya que veio recebê-la. – Já é tão tarde, você está bem?
-Claro, anjo. – Beg falou sorrindo e abraçando a garota.
-O So...- Munya não conseguiu falar, Beg quase a sufocou no abraço de Beg que a esmagava contra si.
-Você devia ir dormir, já está tarde... – a loira falou subindo as escadas, no topo delas estava Will de braços cruzados. – Algum problema, irmãozinho?
-Tirando o fato que minha irmã está deprimida e é praticamente uma prostituta, problema nenhum. – Will falou estendendo a mão para ela. Ela deu risada, por debaixo daquele jeito insensivel, rude e sádico ela sabia que o que ele queria dizer era que estava preocupado com ela. Ou pelo menos esperava aquilo. – Vem cá...
-Não precisa. – ela falou dando um beijo no rosto dele. – Eu estou bem.
-Beg... – ele murmurou a encarando. – O que eu faço com você?
-O que você quer fazer, bonitão? – ela perguntou dando risada e piscando um olho.
-Não tem graça.
-Eu já sou bem grandinha, não precisa se preocupar comigo. Você já tem alguém pra cuidar... – Beg indicou as escadas. – Boa noite, irmãozinho.
-Boa noite, Beg.

Um comentário:

Ceci disse...

Poxa que triste saber que esse é o ultimo...mais triste ainda é saber que teve esse fim pra Beg e pro Soner...mas quem disse que é fim?E se tivesse "beg e soner o retorno"? xD

Ta...viagem d novo =/
mas pense no caso!

eu ja to premeditando uma coisa pro will e pra munya,mas calar-me-ei pra nao falar besteira xD

o q posso dizer?num sei pq esse ta complikado pra comentar?
ahh eu ja to com a cabeça la no proximo..meu momento raiva passou e o curioso ta prevalecendo *-*

espero o proxima ansiosaaa!
bjoo
;**



ps:nao ia deixar d dizer ne..é q a parte q ele falou q eram brincadeiras como as deles eu fikei encucada =X mas q termine a historia pra eu constatar algo heheheh