domingo, 23 de novembro de 2008

Last Will

5.
-Eu não entendo...
Ela podia murmurar aquilo pra ela mesma, com lágrimas nos olhos, ela podia gritar se quisesse, mas não fazia muita diferença. Eu não vou me controlar, o que era controle? O que ela tinha feito? O jeito dele a deixava apreensiva, se encolheu contra a parede mordendo o lábio, aquele olhar malvado e sorriso zombeteiro, uma lágrima escorreu e ele se inclinou para ela.
-Eu falei pra parar... – ele murmurou e ela fechou os olhos, sem saber o que esperar, sentiu algo quente eu seu rosto, bem abaixo do olho, ele lambeu e engoliu sua lágrima, como se fosse um doce.
-O que você ta fazendo? – ela perguntou abrindo os olhos para os dele, os cabelos claros dele bagunçados davam um ar de anjo a ele, mas parecia mais o diabo com aquele jeito maligno.
-Qual seu desejo, mestra Claudia?
-Eu não sei... – ela falou colocando a mão onde os lábios dele tocaram.
-O que você deseja? – ele perguntou de novo, ela não tinha como fugir, cercada por ele e prensada contra a parede.
-Eu não sei!
-Qual seu desejo?
-Para de me perguntar! Eu não sei... – ela falou balançando o rosto – Já tentou se perguntar o que você ia querer se fosse morrer? O que vale mais que o resto? Eu não sei!
-Eu nunca vou morrer, não sou humano. – ele respondeu afastando os cabelos da frente de rosto dela, o segurou parado na frente do seu. – Não precisa ser algo que valha mais ou menos, apenas faça um desejo...
-Pra que a pressa? Eu vou morrer quando? Hoje? Amanhã...
-Eu não posso te dizer...
-Por que não? Só pra eu passar todo dia perguntando se é esse?! – ela gritou, lágrimas caiam por seu rosto, ele repetiu o gesto de engoli-las. – Por que você está fazendo isso comigo?
-Eu não posso te dizer, porque eu não quero pensar nesse dia. Eu quero saborear até a última das suas lágrimas... – ele murmurou com os lábios ainda no rosto dela, como achava lindo quando ela chorava. – Você é linda, meu anjo. Qual seu desejo?
-Eu não quero mais chorar, seu sádico filho da mãe... – Claudia falou o empurrando com as mãos e baixando o rosto, suas mãos tremiam e ele as segurou com seu toque pesado.
-O que você quer? Deseje... – ele insistiu a olhando tremer de raiva, ou seria de desconsolo? Não sabia dizer, só sabia que ela tremia.
-Eu quero... Eu desejo.... – ela murmurou tentando achar as palavras – Que você pare de me fazer chorar, que você me faça sorrir. Eu desejo que você me faça sorrir, porque eu não quero gastar os últimos da minha vida chorando por causa de um idiota!
-Seu desejo é uma ordem... – ele murmurou e ergueu a cabeça dela, o sorriso maldoso.
-O que você... – mas ela não conseguiu completar a pergunta.
Ele a beijou e ela sentiu o corpo todo esquentar, como acontecia quando Beg a abraçava ou beijava, ao contrário de suas mãos pesadas o beijo dele era leve e gentil. Não sabia muito bem como ou quando aquilo tinha acontecido, mas toda a raiva que sentia dele ficou ainda maior, raiva de que agora que percebera o quanto se divertia com ele, iria morrer. Não dava pra explicar como alguém podia sorrir depois de saber que ia morrer, mas dias depois num caixão florido o corpo de Claudia ainda sorria, um sorriso pacifico e gelado, doce como suas lágrimas.
-Qual foi o último desejo dela? – Beg perguntou na entrada do cemitério, esfregava os próprios braços para espantar o frio da morte.
-Não é da sua conta. – Foi tudo que ele respondeu conforme ia embora sorrindo, acabou dando risada de como ela fora irritante, o obrigou a fazê-la sorrir sendo que ele adorava quando ela chorava.
-Will... Você não contou pra ela, contou?
-Eu não sou indiscreto que nem você, sei guardar as coisas pra mim mesmo. – ele retrucou levando o indicador aos lábios – Que seja nosso segredinho. Está bem?
-Está bem...
Ele ainda lembrava nitidamente, de tê-la carregado no colo, como uma criança que não consegue andar sozinha, ela cabia folgadamente em seus braços. Se fechasse os olhos ainda podia ver o rosto dela se virar num sorriso, podia sentir as voltas de seus cabelos entre seus dedos, era como um pequeno anjo, que fizera passagem rápida na terra, chorando e sorrindo de um jeito que ninguém mais conseguia. Podia ouvir a voz dela, comentando de maneira distraida:
-Eu sou mesmo burra, podia ter desejado viver mais...
-Podia. – ele comentou analisando o rosto dela que dava risada. – Qual a graça?
-Você não pode morrer certo?
-Certo.
-Aleluia vou me livrar de você! – ela exclamou dando risada, ele também sorriu assistindo uma lágrima dela cair ao mesmo tempo que ela ria.
-Azar o seu, criança idiota... – ele murmurou provando o último gosto do choro dela.

Um comentário:

Ceci disse...

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Mo...pq faz essas historias que nos fazem chorar mas nao por ser uma coisa mel com açucar,nao por ser algo previsivel e sim por ser bem escrito?Pq da esses finais surpreendentes pra tds suas personagens?Pq coloka esse clima melancolico misturado com um diabólico e outro sádico e cômico?PQ VC ME FEZ CHORAR DE NOVO HEEEEIN? ;S

Nhá...mas isso não é ruim não...a resposta pra tds essas perguntas é uma só:pq vc escreve bem e se diferencia da maioria dos autores que traçam uma linha cronologica previsivel e possivel de ser alcançada por qq leitor antes msm de chegar ao ápice da historia^^

O inacreditavel é q ele a chamou de idiota no final!Filha d´uma egua!!
>.<
Detalhe?Sim,mas fika evidente a frieza dele...hunft...so q...e na parte do beijo??*-*
Pronto,quebra qq má impressao q eu tenha dele (ta,q dps ela pode voltar,msm pq o "idiota" foi dps disso mas eeenfim)...eu fiz uma imagem mental tao bela...acho q isso ajudou pra caramba "piorar" meu estado aquoso aki,ainda mais qndo vc descreveu o caixao e a feiçao dela dentro dele :}
ahh mo...ta de parabens mais uma vez,encerrando suas historias com misterios e fatos q nos fazem fikar refletindo dps a respeito d nossa vida,o q fariamos nessa situaçao,com qual personagem mais nos identificamos e tdo mais..=)

bjãoo e continue escrevendo mais historias pra eu ler,curtir e qndo necessario e incontrolavel..chorar =X

;***