sábado, 13 de dezembro de 2008

Mais uma pausa.

Fidelidade.


-Você está me traindo? – aquela pergunta estava nos olhos dela durante todo aquele tempo, mas era a primeira vez que ela dizia em voz alta.
-Defina trair...
-Não brinca comigo!
-Eu não estou brincando... Você só está nervosa porque vamos ver seus pais amanhã.
-Você é sempre assim! Não da pra perder a cabeça de vez em quando? Gritar? Não da pra não ter uma merda de resposta pra tudo?!
-Você já faz isso por todas as pessoas da vizinhança, seria pleonasmo.
-Para de desviar de assunto e me responde! É aquela secretária, não é?
-A Amelia? Só se ela tivesse mudado de orientação sexual, você exagerou dessa vez... – a chaleira começou a apitar, mas ninguém foi tirá-la do forno, deixaram pra explodir.
-Então é aquela moça sorridente do restaurante, a que sempre te convida pra dançar!
-A que pediu pra você ligar pra ela quando estivesse solteira? Óbviamente ela me acha irresistivel. – foi sarcastico e uma risada seguiu.
-Para de rir de mim!
-Eu não consigo evitar, você fica linda com ciúmes.
-Por que você está fazendo isso comigo?!
-Você está fazendo isso com você mesma. Eu só to dormindo com outras na sua cabeça, e só na sua cabeça você é uma vitima sofredora. Mais cedo ou mais tarde você vai ter que parar de me usar pra descontar suas inseguranças, amor...
-Você sempre chega tarde...
-Por causa do trânsito...
-E aquele perfume diferente!?
-É meu... Eu te mostro o frasco se quiser...
-Eu te amo tanto, só de pensar...
-Eu também te amo, por isso eu adoraria que você confiasse em mim.
A chaleira foi salva do forno, mas a temperatura continuou alta. Toda aquela energia tinha que virar algo, se espalhar antes que algo explodisse, móveis empurrados e utensilios jogados no chão, boa hora pra janela da cozinha dar apenas para um muro. Hora de arrumar as coisas, procurar as chaves, acabar com o atraso acelerando o carro já desgastado pelo trânsito, deixando pra trás alguém temporáriamente aliviada que mais tarde com certeza acharia outra pergunta que precisaria de outra resposta. Esperando no acostamento a morena entrou sorridente no carro.
-Você demorou...
-Eu não estava achando as chaves do carro, minha casa está uma bagunça. – sim, tinha resposta pra tudo.
-Deve ser horrivel morar sem ninguém. – ela falou retocando a maquiagem ao mesmo tempo que se ajeitava no banco. – Nós podiamos dividir um apartamento...
-Ia ser maravilhoso, mas você sabe que eu tenho muito trabalho com que me preocupar agora.
-Eu sei. E por isso mesmo eu tenho uma surpresa pra você...
-Adoro surpresas.
-Eu prometo, amor, você nem vai lembrar de trabalho ou da casa bagunçada te esperando!
-Parece ótimo...

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