sábado, 13 de dezembro de 2008

Se você chorar eu choro..

7
-EL!
As palmas fizeram um estrondo como o de trovões, o eco fez até mesmo com que Eresh ficasse preocupada, Innanna apenas levantou o rosto mexendo debilmente uma das mãos a tempo de ver o pequeno mestre Ketiy com o lábio cortado após mordê-lo de raiva. Cherie segurava o garoto e o estrendo fez Gato pular, mas não era mais um cachorro de pelos fofos, sua cabeça partiu-se e surgiram três, as garras enormes e suas costas começaram a rasgar.
-Da onde veio isso? – Eresh perguntou alcançando vôo. – Não interessa enquanto eu voar eu... – mas ela paralisou.
-Mata essa maldita... – Inno mandou com um sorriso lacrimoso.
Gato pulou da beira do prédio, em suas costas se abriram asas negras estranhas que lembravam dedos esqueléticos presos com teias de aranha, começou a caçar o anjo como um cão caça uma raposa. Eresh parecia pela primeira vez apavorada, aquilo não era só mais um bicho veio vindo pra cima dela, era uma verdadeira besta guardião. Inno foi até Innanna, ela parecia estar muito machucada.
-Inna, vamos pra casa...
-Vão na frente, eu os alcanço... – ela falou com uma careta enquanto se sentava.
-Não! Nós vamos juntos! – Inno falou abraçando ela.
-Mestre Ketiy... – uma lágrima escorreu do rosto de Innanna. – Eu é que devia te proteger, pivete estúpido...
-O Gato está voltando... – Cherie apontou para o cão, ou o que quer que ele fosse agora, pousando desajeitadamente no telhado. –Eresh deve ter fugido.
-Ele me leva, vá com a Cherie, mestre Ketiy. – Innanna mandou.
-Está bem...
Cherie ficou insegura, mas só até lembrar que pessoas normais não viam nada daquilo, ela mesmo não via até conhecer Eresh que mexeu com seus olhos, Inno só aguentou andar metade do caminho, na outra ela o levou no colo. Apesar de tudo, ele era só uma criança, não devia ter que passar por aquele tipo de coisa, Innanna também não estava nada bem, mas parecia se recuperar aos poucos, mais tarde Cherie ia saber que foram os gritos de Inno que não a deixaram morrer.
-Ele está exausto... – Cherie murmurou deitando Inno no sofá, o Gato lambeu o rosto dele depois de voltar ao normal.
-Ele cresceu tão rápido... – Innanna comentou. – Eu nunca pensei que ele fosse ter uma besta guardiã tão rápido. Muito obrigada, Cherie.
-Pelo que?
-Todo aquele choro no hospital, foi o que deu força pra ele fazer isso. – Innana explicou se sentando, aos poucos a pele começava a voltar ao normal, os ferimentos se fechavam.
-Mas a Eresh ainda está viva...
-É...
-Ela vai voltar não vai?
-Claro, a única razão da vida dela é caçar pessoas como nós.
Cherie deixou Innanna descansar, foi tomar um banho gelado para esfriar as idéias, não entendia o porque daquilo tudo, mas a babá fazia soar tudo tão natural e comum. Enquanto a água escorria, gelada, sua pele ia se aquecendo, lembrava do sangue que escorria, escorreu naquele mesmo lugar, naquela mesma casa. Ainda podia ouvir os gritos de sua mãe, gritos que até hoje ela podia ouvir se ficasse quieta por muito tempo. Desceu as escadas enrolada na toalha, o cabelo pingando, como naquela vez.
-A mamãe ficaria orgulhosa, né? – Inno comentava alegremente, parecia bem melhor. Mamãe ficaria orgulhosa.
-Claro, mestre Ketiy. Você está crescendo muito rápido! – Innanna comentou alegre.
-Cherie! Cherie... – o garoto foi correndo chamar ela, mas parou na visão da garota de cabelos lamacentos, encharcada e com um olhar perdido. – Cherie você se machucou?
-Não, ele não me machucou... – Cherie respondeu automaticamente, continuou andando na direção da cozinha.
-Cherie...? – Inno viu que não era só água de banho, ela estava chorando, sem olhos vermelhos e sem barulho ou caretas, lágrimas silenciosas. – Que tal comermos um sanduiche? Eu corto o pão! Você sempre fica feliz depois que come...
-Não dá, a mamãe jogou fora todas as facas. – Cherie respondeu, parecia fora de si.
-Cherie...
-Mestre Ketiy, agora não, ela não está consciente. – Innana falou segurando o garoto.
-Mas ela ainda ta mexendo, Inna.
-Um dia você vai entender, Inno... – Innana levantou a mão. – Me desculpa, Cherie, mas é melhor você acabar de vez com o que quer que a deixou assim. El! – o estalo fez a casa parecer normal de novo.
Ketiy e Innanna ficaram num canto da cozinha, assistiam enquanto uma garotinha debruçada sobre a pia tentava fechar a torneira, passos pesados vinham da sala, passos que pareciam esmagar algo. Um murmurio sobre desperdicio de água e bagunça, de fato tudo parecia fora do lugar, ela estava tentando cozinhar algo. Finalmente conseguiu fechar a torneira e foi correndo até a mesa pegar o que de longe e com a vista embaçada pareceria uma refeição.
-Olha papai! Eu fiz pra mamãe! – a criança comentou sorridente.
-Sua menina má... Olha a bagunça que você fez...
-Papai...
-Você sempre foi má...
-Não eu...
-Você não devia ter nascido... – ele pegou uma das facas sobre a mesa.
-Papai...O que...
-Você não devia viver...
-PARA PAI!
Inno baixou a cabeça e fechou os olhos, sabia que era passado e não podia fazer nada, agarrado a saia de Innanna que assistia tudo de maneira distante e melancólica. O homem que arremessava a criança contra a parede lhe apertando o pescoço com uma mão e a outra erguendo a faca, existem vários tipos e motivos para o mau, mas às vezes ele é simplesmente inexplicável. Ele ia matar ela, tinha toda a intenção e a possibilidade, toda até ela puxar a faca da pia no reflexo e cravar no pescoço dele, quando a faca saiu sangue jorrou, escorreu pelas paredes, respingou no chão e tingiu a pele.
-Ahhhhhhhhhhhh! – os gritos de sua mãe só não eram maiores que suas lágrimas, sentia o gosto férreo na boca, aquele cheiro nauseante impregnando a cozinha. – AMOR! AMOR! O QUE VOCÊ FEZ SUA FILHA DO DIABO?
-Mamãe... – a faca caiu no chão. Cherie sorriu, um sorriso meio desnorteado como quem está fora da realidade – Eu fiz o lanche pra você! Assim você pode descansar!
-ASSASSINA!!! NUNCA MAIS ME CHAME DE MÃE!
-O que eu fiz de errado? – era só uma criança, que não entendia nada, nem mesmo aquele corpo gelado no chão. Era só uma criança que chorava, Inno se soltou da saia de Innanna e caminhou por cima do corpo. – O que eu fiz de errado?!
-Cherie... – a mulher ainda gritava, a criança ainda chorava para a mãe, Inno estava ali, invisivel entre as duas. Bateu palmas – El!
-Quer um sanduiche, Inno? – Cherie perguntou com uma faca na mão, chorava silenciosamente.
-Obrigado! – Ketiy agradeceu abraçando a cintura dela. – Cherie...
-O que foi, Inno? – ela perguntou se abaixando, o garoto parecia consternado.
-Obrigado por ter nascido!
-Inno... – uma nova lágrima escorreu, ao mesmo tempo que um sorriso se abria.
-Eu faço o jantar hoje... – Innanna se ofereceu indo até o armário – Que tal uma torta?
-Innanna...
-Cherie... – Inno chamou a puxando. – Se você chorar eu também choro!
-VOCÊ JÁ CHORA DE QUALQUER JEITO, POÇO DAS MÁGOAS DO INFERNO!
-Buaaaaaaaa, ela ta brigando comigo de novo!
-Heheheheh – Cherie começou a dar risada, abraçou o garotinho – Você é mesmo muito fofo, um dia ainda vou arrancar um pedaço seu.

Um comentário:

Ceci disse...

Comecei a gostar de demonios por sua causa criatura!Nao...nao entenda como c eu tivesse t chamando assim..foram suas personagens as culpadas xD

E eu pra variar errei...matei quem nao deveria ter matado..mas ja pensou q triste ebonito seria dependendo da situaçao?=P
Ta,vc q decideee...calei-me...=x

mas quem diria??cherie matou seu pai..o.O³³
Ela não fez por mal,mas como nao to associando demonios ao mal dessa vez...digo q ela foi uma demoninha^^ agora explica-se essa "ligaçao" deles...d alguma forma por mais escondida q ela seja,isso deve ter relaçao ;D

se eles descobrissem algo d seu passado..algo q viveram juntos..=X

parei!

bjaoo mo