sábado, 13 de dezembro de 2008

Pássaro Negro

8
Innanna teria explicado, que todas aquelas lágrimas foram o que faltava para Inno conseguir finalmente transformar aquela casa num lar, uma mansão mal assombrada onde lágrimas e gritos eram consumidos, restando apenas os sorrisos de cada dia de convivência. Cherie nunca tinha se sentido tão em casa, até ela se tornar aquele espetaculo grotesco com um par de demônios bem diferente, Innanna já estava curada, mas por algum motivo a babá parecia a cada dia mais distante e quieta.
-Ainda está preocupada com Eresh? – Cherie perguntou amarrando a bandana firme em sua cabeça, fazia tempo que não saiam.
-Não, estava pensando que o tempo passou muito rápido. Não foi nem um mês e já chegamos nesse ponto... – Inna comentou fazendo carinho numa das três cabeças de Gato, Inno ficava invocando o lado monstruoso dele constantemente para brincar.
-Eu já estou quase me acostumando com essa aparência estranha da casa e do Gato.
-Foi pra isso que o mestre Ketiy veio afinal...
-Achei que você tinha dito que eram três coisas. – Cherie comentou.
-É, só falta uma e aí meu trabalho acabou. – Innanna falou se levantando – Ele cresceu demais.
-Não seja boba, Inna! Ele ainda é só um pivetinho desse tamanho... – Cherie indicou a altura de um banquinho.
-Você não vê? – Innanna perguntou, Cherie fez uma careta – Como você pode ver a casa e o Gato, eu achei que...
-O que...?
-Deve ser impressão minha. Que tal um pouco de ar fresco?
-Mas é quase meia noite!
-Perfeito, o sol machuca meus olhos. Vou chamar o mestre Ketiy.
Cherie pegou a lanterna, lembrou da primeira vez que os viu, estava procurando Gato no parque, agora o cachorro enorme apostava corrida com o garotinho. Estava tudo escuro e o vento nas árvores fazia um barulho medonho, Innanna parecia uma entidade caminhando pela trilha, os cabelos negros esvoaçavam e as orelhas pontudas lhe davam um ar místico, quando ela ergueu os olhos prateados para a lua uma rajada de vento fez seus cabelos voarem, por um momento Cherie viu asas, asas negras.
-Eu estava imaginando quando vocês iam sair daquele buraco, vermes do inferno.
-Eresh... – Cherie murmurou, viu no fim da trilha, não apenas a loira com asas luminosas, mas entre os braços dela seu amigo com o olhar vago. – O que você fez com ele?
-Shhhh. Você vai acabar tirando meu marido do transe assim... – Eresh falou dando um beijo na bochecha do homem. – Sabe, não são muitos que entendem na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... Até que a morte nos separe. AN!
-Você é uma moça muito má... – Ketiy falou abraçado Gato.
-Mestre Ketiy, fique com a Cherie. – Innanna mandou se adiantando – Você vai acabar se machucando contra um anjo com laço matrimonial.
-Como assim? Innanna! – Cherie gritava.
-Mestre Ketiy, apenas me diga como posso lhe servir melhor... – Innanna murmurou também usou seus poderes, conjurou uma enorme lança negra. – Você cresceu tanto e em breve eu vou ser no mínimo inútil... Mas, ficar com você todos esses anos foi a maior alegria da minha vida... Então, mestre...
-Cala a boca sua vaca do submundo! – Eresh gritou apontando as espadas para Innanna.
-Inna! – Ketiy gritou. – Eu amo muito você!
-Eu também te amo mestre... Em outra vida, talvez eu fosse mais útil. Mas nesta, tudo que posso é lutar por você... – Innanna falou sorrindo, esticou a mão livre da lança e fechando a mão com força estalou todos os dedos. – EL!
-É ÍNUTIL!
Cherie não conseguia acompanhar, as costas de Innanna se rasgaram dando lugar a asas negras que pareciam frágeis como fios de cabelo, suas mãos viraram garras e ela se movia como uma águia tentando capturar uma presa. Mas Eresh, Eresh tinha a graça e velocidade dos anjos, duas espadas divinas enormes e apesar dela não entender, o fato de ter casado parecia a deixar mais forte. Inno puxou a mão de Cherie que apertou a mão do garoto, ouvia o tilintar das armas, cortes recem feitos, sangue que escorria, sangue que jorrava.
-Olha pra mim, Cherie... – Inno pediu. – Eu não quero que você chore de novo, você não devia ver essas coisas ruins...
-Mas a Inna...
-Ela provavelmente vai morrer... – Inno falou baixando o rosto, uma lágrima timida escorria de seus olhos.
Ele explicou para ela, a distraindo para não olhar para a luta, um casamento era um ritual, era como um pacto. Era muito mais forte que qualquer outra ligação entre um parasita e seu hospedeiro, era um poder dificil de explicar, dependia da união, dos unidos e de o que os unia. Em resumo, mesmo depois que ele bateu palmas e Gato foi ajudar Innanna, ela não tinha a menor chance, porque ela era só uma babá. Mas a verdade é que ele não podia ajudar ela, afinal muito tempo atrás ela o fez prometer, que ia deixar ela morrer por ele, antes que se tornasse inútil.
-VOLTA PRO INFERNO!
-VEM COMIGO, GALINHA LOIRA! – Innanna gritou de volta.
-Isso não vai me matar... – Eresh falou depois de ser atravessada pela lança, um filete de sangue escorreu pelo canto de seus lábios. – Diga boa noite, babá...
-Mestre...
Foi rápido, uma lâmina em cada direção e a cabeça de Innanna pendeu para trás, mas não havia sangue e nem pedaços corporais caindo, Cherie virou o rosto ao ouvir o barulho das espadas de Eresh, Inno também assistiu, enquanto Inna se tornava uma ave negra com um canto alto que ecoava pela noite e sumia nas sombras, uma ave que se dissolvia na sombra do luar. Inno Ketiy não chorou por ela, apenas sorriu acenando para as sombras, adeus a sua babá. Adeus a única que ele realmente queria ao seu lado...
-Talvez em outra vida, Inna... – ele murmurou.
-Não se preocupe, você vai se juntar a ela em breve... – Eresh falou enquanto caminhava girando suas espadas. – Muito em breve... Aquela galinha preta, não é a toa que você teve o azar de ser meu alvo, Inno Ketiy.
-A Innanna, mesmo sendo apenas um passaro... – Inno falou com um sorriso, seu dente pontiagudo para fora dos lábios – É muito melhor do que você jamais vai ser, sua sanguessuga alada. Pra mim você não passa de um parasita e vem falar da Inna?
-O bebêzinho da mamãe ta bravo? – Eresh perguntou gargalhando.
-Cherie... – Inno se virou para a humana. – Eu sei que é uma hora ruim, mas... Você quer se casar comigo?
-O que?! Você nem pode entrar numa montanha russa! – Cherie gritou chocada, tinha esquecido completamente da situação ou do que ele explicara sobre casamentos, tudo que via era um pirralho a pedindo em casamento.
-Não precisa ser agora, só aceite ser minha noiva. Por favor... – ele pediu com rosto choroso, Eresh parecia possessa e arremessou uma das espadas que Gato desviou. – Você é feia e estranha, também meio medonha e vive tentando me asfixiar ou arrancar pedaços, não é exatamente o que eu queria. Mas eu preciso de você, pela Inna...
-Você devia me elogiar pra eu aceitar e não o contrário!
-Cherie... seja minha noiva... – ele pediu em meio a lágrimas.
-VAI PRO INFERNO MALDITO! AN!
-Está bem! – Cherie gritou ao mesmo tempo que um raio explodiu.

Um comentário:

Ceci disse...

aaaaaaaaaahhh!
como assim??pelo q me lembro vc disse q terminava no 8,né não??o.O

não pode...não pode pq como assim?terminar num raio q eu não sei quem atingiu?!Tdo indica q seja alguem mas vai q sei la..pegue outra pessoa tbm?
ahh Mo...vc consegue descrever mto bem as batalhas^^
Confesso q essa "quase" me fez...
...
...
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mas dessa vez eu me contive^^
Quero saber mais desse casamento heheheh
Q eu peguei bronca dessa Eresh vc ja sabe..mas penso tbm q vc poderia criar um bom fim pra ela =]
fika ai a sugestao!

bjoo
;**