sábado, 25 de outubro de 2008

Onze vezes, onze meses...

XI
Era a primeira vez em décadas que ele passara tanto tempo com uma mulher, May mudara, ou talvez estivesse apenas a conhecendo cada vez melhor e apesar de pequenos detalhes insignificantes sua conclusão era a mesma: aceitável. Até a convidara para uma festa, quase todas as pessoas com que ele convivia estavam lá, até seu secretário que apenas nessas ocasiões era chamado por seu nome, Paul, e aparentemente tinha uma noiva loira adorável com jeito de dona de casa e voz baixa. May estava linda, ele podia notar no vestido azul, definitivamente se sentia mais tranquila, quase nunca mais a viu puxar a saia como quem a arruma.
-Lochan, bom vê-lo. Lembra do meu marido, Stuart? – Amelie apresentou soprando a fumaça do seu cigarro para o lado, May não sabia que eles trabalhavam juntos até aquele dia. Amelie era do departamento de recursos humanos.
-Claro, um prazer revê-lo. – Lochan cumprimentou, May sentia um nó na garganta, como conseguia sorrir tão cortesmente para o marido que ele ajudou a trair, olhava de Amelie para Lochan. – Permita-me apresentar, esta é May.
-Muito prazer, May. – Amelie fingia nunca tê-la visto antes, ela concordou com um aceno de cabeça enquanto murmurava: prazer. – Nunca pensei que veria o dia em que alguém ia fisgar o empresário mais impessoal que já vi. Achei que você não tinha um coração, Lochan.
-E quem disse o contrário? – ele perguntou com um sorriso maldoso, May não sabia se era uma piada ou afirmação, mas sorriu mesmo assim. Às vezes sentia que ela dele, mas não tinha certeza se a reciproca é verdadeira. – Se me dá licença, Stuart, posso roubar sua mulher? Negócios...
-Claro. Desde que ela volte inteira. – o homem falou, parecia o tipo de pessoa boa e estúpida.
-Com certeza. Eu a vejo depois, May... – e deu um beijo no ombro dela, uma de suas manias. Era seu jeito de ser carinhoso, assim como era seu jeito de dominação lhe morder o pulso.
Se distraia fácil em seu mundo de corporações e funcionários, se distraia facil ao ponto te por um instante ter perdido May de seu campo de observação. Quando a encontrou de novo estava com alguém que não trabalhava para ele e que não se apresentara ainda, análisou o homem desde o cabelo pálido até as expressões débeis de quem sabe muito pouco sobre quase nada, os olhos da cobiça lhe davam o toque final do qual ele precisava para desprezá-lo.
-Se divertindo, meu amor? – ele perguntou com seu tradicional sorriso quando se aproximou, May sorriu e já ia apresentar o outro quando ele entrecortou. – Lochan, muito prazer...
-Keith. – o outro se apresentou de maneira que devia ser cavalheiresca, mas Lochan não notou.
-Então senhor Keith, a festa lhe agrada?
-Muito, estava falando a May como não tinha dessas em meu intercâmbio.
-Estudou no exterior? – Lochan perguntou com fingido interesse, May conhecia aquele tom de voz e já começara em seu modo de defesa por encolhimento.
-Por cinco anos, com todo respeito sentia falta de mulheres como a May. É dificilimo conseguir conversar com estrangeiras... – a garota quase empalideceu.
-Muito lisonjeiro de sua parte. – foi a resposta de Lochan, com um sorriso que faria o próprio diabo o achar muito mal, se virou para May dando um gole em seu champanhe para molhar a garganta – Não é mesmo, May? – ela apenas meneou a cabeça.
-Perdão, cometi alguma indelicadeza? – Keith perguntou preocupado.
-Se nós da licença. – Lochan escusou-se segurando a mão de May apenas nas pontas dos dedos – Vamos dar uma volta, querida?
-Com licença, Keith... – ela falou baixando os olhos enquanto se afastava.
Ele a conduziu por todo o salão, cruzando até os elevadores onde apertou o botão do último andar, mas um piso antes de chegar nele apertou o botão da parada de emergência e quebrou a camera no teto com um soco. May ficou encostada num canto do espaço fechado e largo, animalzinho acuado sob a visão de seu predador que machucara a mão com aquele soco, em situações normais iria cuidar do machucado, naquela sabia que devia ficar quieta o máximo possivel. Os olhos baixos, a franja que crescera ajudando a esconder seu rosto.
-Olhe para mim, May... – ele mandou e ela levantou o rosto timidamente. – Boa garota, vamos conversar.
-Sobre o que? – ela perguntou ainda encostada na parede.
-Que tal sobre como você conheceu um estudante tão simpático? – ele sugeriu.
-Eu estava sozinha no salão, ele me convidou para dançar...
-Na vertical ou horizontal? É uma diferença importante, sabia? – comentários maldosos.
-Eu falei que não. – ela não quis comentar aquilo, só ia piorar as coisas. – Expliquei que eu já tinha dono e ele se desculpou pelo incoveniente, conversamos e só isso...
-Só isso... Só isso... – Lochan repetiu se aproximando e apoiando os dois braços a cercando no canto do elevador, cada braço de um lado do rosto dela. – Então como você encantou ele tanto, minha bonequinha de luxo?
-Eu não sei, não tem porquê você sentir ciúmes, Lochan, eu juro... – ela falou com as duas mãos no rosto dele.
-Então por que eu continuo sentindo, meu amor? – ele perguntou puxando as duas alças do vestido dela para baixo num único movimento violento, recostou o rosto no ombro dela que acariciaca seus cabelos. – Consegue explicar...?
-Me desculpa...
-Você não me responde... – ele falou levantando a saia.
-Não, não consigo... – ela falou sentiu as mãos dele, estavam frias, elas sempre ficavam frias quando ele estava bravo.
-É porque eu te amo, May... – ele falou se abaixando e ela fechou os olhos. – E isso é um direito único e exclusivo meu...
-Aqui não... – ela falou mordendo os lábios.
-Está com medo...?
-Alguém pode querer usar o elevador...
-Alguém pode esperar...
O olhar dele a fez ficar quieta, sentia que se falasse mais alguma coisa ele acabaria lhe rasgando as roupas e nem queria imaginar como acabaria saindo dali. Quando você aceita as coisas do jeito que elas são é mais fácil lidar com elas, May aprendera isso muito cedo, não adiantava lutar contra certas coisas, nunca se imaginara presa num elevador daquele jeito, com aquele tipo de homem e ainda assim... De alguma forma ela acabou no chão, deitada sobre o peito dele que fazia carinho em seus cabelos e lhe amansava como a um bichinho.
-Eu te machuquei muito? – ele perguntou a apertando junto a si.
-Não...
-Eu te amo, May...
-Eu também te amo... – ela respondeu apertando seus braços ao redor dele, então por que se sentia tão mal?
-Que bom... – ele falou beijando o ombro dela e sorrindo. – Desculpe perder a cabeça, eu não consigo suportar a idéia de outro homem... Bem, deixa pra lá.
-Eu já falei, Lochan... – ela falou beijando os lábios dele repetidas vezes, o encarou com aquele olhar puro e constrangido. – Eu não quero nem penso em ser de mais ninguém...
-E isso é melhor pra você do que pra mim, sabia? – ele falou com um sorriso, se levantou e a ajudou a levantar também, liberou o elevador para que ele fosse até a cobertura do prédio onde estava destinado há algum tempo já. – Venha, vou te apresentar alguém...

Um comentário:

Ceci disse...

Compulsão,loucura,falta de controle,prazer,sensação de estar completo,falta de algo,fome,sede,viagem,ida sem volta,querer e ter,não poder e ter,não poder e querer,querer e não poder...tdo isso posso associar a Lochan,com excessão da última pq pelo que vi nada do que ele queira,ele não consegue ter.O que nos prende á essa história talvez esteja em partes nesse emaranhado de palavras soltas aí em cima...ou seria algo a mais?Não sei,só sei que a cada capítulo a história fica melhor e sempre deixa algo no ar,algo que eu sinto que vai ser revelado la na frente...mas e se não for?
Ai eu ja me contento por ter lido algo tão "montanha - russa" hauahauahaua ^^

Essa parte do elevador foi assustadoramente bem descrita e escrita...caraca Mo!Pelo simples fato dela estar conversando com um rapaz,Lochan quase fica sem mão o.O
Mas ele não se importa né?Pode estar sem tdo desde que esteja com a May ao seu lado para fazer parte de seus desejos mais malucos ou exóticos...enfim,o que vai acontecer com ela?
Seus capítulos fazem essa dúvida pairar no ar e em minha cabeça,poxa xD

Ja sei que tem mais um me esperandoooooooooooo \o/

bjãoo