quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau

IV

Nada. Essa palavra ricocheteava dentro de seus ouvidos se recusando a penetrar sua mente, a levou para casa consigo, devia estar cansada do trabalho então a deitou, depois de desejar boa noite foi para seu escritório, ainda tinha muito que escrever, colocou a foto da mesa no album junto a uma nova que tirara dela adormecida. O que havia de diferente nela? Ela diria nada. Não havia barulho nenhum para tirar sua concentração ou irritar, mesmo assim ele não conseguia organizar seus pensamentos para escrever suas considerações, a campainha tocou.
-Um pouco tarde para visitas... – abriu a porta sem olhar quem era antes, uma morena estava apoiada no portal sorria para ele por trás de um batom cor de rosa. – Amelie.
-Você não me procura faz uma semana, achei melhor fazer uma visita. – a morena falou soltando os cabelos que usava presos para trás no escritório, ainda estava com terno e saia social, usava um salto pequeno, ele gostava daquilo. – Incomodo?
-De maneira alguma, mas lembro de ter dito que não a procuraria mais. – Lochan observou arrancando uma pequena risada baixa e divertida dela.
-Eu lembro, não quer nenhum relacionamento e outros detalhes. – ela falou tirando o casaco e jogando sobre o sofá depois se virou para ele, tirou os óculos e os arremessou também.
-Então o que está fazendo aqui? – ele perguntou.
-Eu tive um dia ruim em casa e no escritório... – ela falou mostrando a aliança de ouro na mão esquerda. Detalhes como aquele a colocavam fora das suas quase aceitáveis. – Eu pensei que sem compromisso nenhum você pudesse me ajudar a esquecer... Só uma noite.
-Uma noite. – ele repetiu sentindo as mãos dela nos seus ombros, ela tinha a mania de ir lhe massageando o ombro enquanto se aproximava com os lábios.
-Você não vai se arrepender... – ela já estava com os lábios nos dele quando ouviu o barulho de maçaneta.
-Desculpe... – era a voz de May meio encabulada arrumando os cabelos atrás da orelha e puxando a saia – Com licença...
-Sua sobrinha ou algo assim? – Amelie perguntou.
-Não. – Lochan respondeu pegando o casaco e óculos dela e devolvendo. – Obrigado, mas eu não quero companhia essa noite.
-Querido. Uma menina tão nova, ela não vai conseguir te satisfazer. – Amelie falou pegando suas coisas. – Mas faça como preferir. Se mudar de idéia você tem meu telefone.
-E o do seu marido. – ele falou abrindo a porta para ela sair.
-Sabe, amor... Você não pode me falar nada sobre fidelidade, eu conheço sua mania de colecionador. – ela deu um beijo rápido nos lábios dele – Se divirta com a garotinha, lobo mau!
Várias vezes uma mulher o pegara com outra, em situações até piores do que aquela, mas dessa vez era diferente. Não houve choro, gritos ou pedidos para participar, apenas um pedido de com licença e May deu meia volta. Não sabia se era compreensão ou descaso, mas de qualquer forma voltou casa a dentro, em seu próprio quarto a viu deitada de lado na cama, os olhos abertos se recusavam a fingir que estava dormindo, quando ela o viu entrar se sentou com os olhos baixos, a franja na testa.
-Me desculpe eu não queria ter interrompido...
-Não interrompeu. – ele falou erguendo o rosto dela pelo queixo. – Não está brava? Triste...?
-Decepcionada na verdade... – ela falou com uma careta.
-Entendo... – ponderou, era uma reação esperada.
-Comigo. – ele se virou para olhá-la com interesse, aquilo não estava dentro dos padrões de normalidade dele. – Eu passei os últimos oito anos, pensando em me tornar o melhor possivel, assim se eu te visse de novo... Quando eu te visse de novo... – ela sorriu – É estúpido, mas eu queria ser o melhor possivel. Pra você me querer não porque prometeu pra uma menininha sentada na calçada, mas porque você realmente iria gostar do que eu me tornei.
-Por que? Você não sabe nada sobre mim...
-Mas você foi o único que me notou. – ela completou com um sorriso triste, não era muito comum ele ver um desses.
-Você realmente quer ser minha, não é? – ele comentou brincando com os cabelos dela, ela não parecia segura ou sequer sedutora naquele momento, parecia um bichinho acuado. – E, por acaso, você sabe o que isso quer dizer? – seu olhar era maldoso, assim como o sorriso.
-Eu já pensei nisso... – ela falou se encolhendo conforme as mãos deles passearam pelos seus braços. – Mas... Eu não penso em ser de mais ninguém.
-Se você decidiu isso, eu não vou te deixar fugir. Você está entendendo? – por que o olhar dele era tão ameaçador? – Você vai ter que aguentar até as últimas consequências...
-Está bem. – ela falou relaxando um pouco, voltou a esticar as pernas, mas seus lábios tremiam.
-Por hoje durma. – ele falou dando um beijo na testa dela, como se fazia com uma criança, bagunçou os cabelos dela como um bichinho de estimação. – Sabe, você é minha peça favorita da coleção até agora...
Ela balbuciou coleção, como quem pergunta, mas ele ignorou. A assistiu voltar a deitar e ficou ao lado dela, passou a noite brincando com os cabelos dela, ela cabia perfeitamente em seus braços, no dia seguinte tinha que ir cuidar de seus negócios, fazer preparativos e por fim... Ela não ia mais a lugar algum, precisava de coisas para ela, olhou para o outro lado do quarto, ao lado da porta que levava ao seu armário estava uma que ele nunca usou, ia ser a primeira vez que alguém ia usar o outro armário. Aceitável, mal passara um dia e ele já sabia que ela era aceitável.
-Finalmente...

Um comentário:

Ceci disse...

Pouxa...ultimo da noite,mas encerrando com chave de ouro pois foi MTO bem escrito ;D

Tdo bem,eu espero ate amanha pra ver como uma "favorita" será tratada...ate agora nao pude saber como é o tratamento de alguem que nao seja "decartavel"...pois bem,isso me deixa curiosa mas espero no maaaaximo ate amanha hauahauahau (6)
^^

good night!
;**